NOVAS OBRAS E SEMENTEIRA DE GRAMA NA CHÁCARA

No último artigo que escrevi sobre a minha chácara – Fazer uma calçada rústicadisse que os projetos de construção civil, mesmo os mais pequenos, muito dificilmente são dados como concluídos em definitivo, pois estão constantemente a surgir novas ideias e mais trabalhos são iniciados, ligados ao projeto inicial.

Claro que me referia a pequenos projetos caseiros, começados do nada, sem um planeamento rígido, uma vez que não existem meios financeiros para uma programação ambiciosa desses projetos e tudo é feito pelas próprias mãos, um pouco ao sabor do tempo disponível, das necessidades que vão surgindo, da vontade para fazer os trabalhos e, claro, de algum dinheiro, porque, por muito que se poupe, de materiais que se reciclem, etc. sempre é necessária alguma “grana”.

Construção de um passadiço em pedra
Construção de um passadiço em pedra.


A minha chácara é um bom exemplo desses projetos, iniciados sem que existisse um plano ou uma ideia clara do que seria quando completado. Aliás, a ideia inicial era apenas a de construir um pequeno barracão e plantar algumas árvores, não imaginando nunca que, num terreno tão pequeno viesse a fazer tanto. Se quando comecei tivesse dinheiro poderia ter desenhado a chácara e construído tudo de uma vez, contratando um empreiteiro, sem ter que andar à procura de materiais em rios, aterros ou lixeiras. Limitar-me-ia a passar o cheque e pronto…

Mas, será que me sentiria melhor se fosse assim?... Acho que não, porque tudo o que é feito por nós próprios, com esforço e dedicação, mesmo tratando-se de coisas tão pequeninas, tem outro sabor. Dá muito mais satisfação e até faz pensar que é bom não ter dinheiro.

Carregamento de pedra
Carregamento de areia num ribeiro
Duas fotos que retratam a economia das construções, procurando pedra
e areia de forma gratuita.  
Tudo isto para dizer que depois de já ter dado como concluídas, ou quase, as obras na minha chácara, elas, afinal, ainda continuam e, depois da calçada rústica que fiz em frente à pequenina casa de pedra, resolvi fazer um passadiço também em pedra no caminho até ao portão, rodeado por um relvado. Como a água é escassa no verão e a relva necessita de muita rega, optei por semear grama, pois esta é um tipo de relva que aguenta melhor a seca e, mesmo que passe algumas semanas sem ser regada, ela tem capacidade de se regenerar voltando a ficar viçosa quando regressa o tempo das chuvas.

Pode-se conseguir um gramado utilizando pedaços de grama, aproveitados da limpeza de jardins, que se plantam a pequenos espaços na terra previamente preparada. Eu já fiz isso, mas esse método tem o inconveniente do gramado demorar um ano ou mais até ficar bem composto e apresentar o aspeto de um bom tapete verde. Também, naturalmente, em áreas grandes, (que não é o caso) a plantação é bastante trabalhosa e, por isso, decidi utilizar sementes.
Semeando grama
Primeira rega do gramado
Dois aspetos da sementeira de grama: espalhando as sementes na terra e
dando a primeira rega.
Como a grama conforme vai crescendo se espalha pelo terreno, a densidade de sementes por metro quadrado, a lançar na terra, é diminuta, cerca de duas gramas por metro quadrado. Adquiri uma caixa de sementes com 250 gramas que dava para cobrir uma área de 125 metros quadrados. O lançamento manual das sementes, que foi o método que utilizei, é bastante incerto e é difícil conseguir uma distribuição uniforme, calculada de modo a conseguir a densidade exigida. Como a semente de grama deve ser, pois, espalhada de uma forma mais rara do que é habitual com outras sementes como, por exemplo, a semente de relva, que deve ficar mais vasta, misturei areia nas sementes, em partes mais ou menos iguais, na tentativa de que as sementes não ficassem muito vastas. Foi o vendedor que me aconselhou esse procedimento, mas a experiência não me convenceu muito quando vi o resultado, após as sementes começarem a germinar: em algumas áreas grama a mais e noutras a menos. Claro que essas irregularidades também muitas vezes são originadas por outros pormenores como, por exemplo, a menor ou maior incidência solar em determinadas áreas do terreno. Neste caso, nas áreas mais sombreadas foi onde a grama germinou e se desenvolveu melhor, certamente devido ao terreno nessas áreas conservar melhor a águas das regas, do que nas áreas expostas ao sol, que fazia evaporar rapidamente a água do solo.

O tapete verde formado pela grama
O gramado já composto.
A grama demora mais tempo a nascer do que a relva e também a crescer, nos primeiros tempos. Por isso o tapete verde leva mais tempo a compor-se, mas agora, três meses volvidos depois da sementeira, as erradas (terra sem relva) já quase não se notam e essas erradas são como facilmente constatei, nas áreas de maior incidência de sol. A grama na fase de germinação e desenvolvimento inicial necessita de bastante água e como na chácara ela não abunda no verão, uma vez que é aproveitada das chuvas, não reguei com a suficiente abundância e daí terá resultado alguma irregularidade na germinação e crescimento. A água é aproveitada das chuvas através de um sistema que instalei, que não é mais do que encaminhar as águas que escorrem dos telhados para reservatórios.

Para além da vantagem da grama em relação à relva, no que respeita à resistência à seca, uma outra, que já observei, pode ser o facto da grama asfixiar mais facilmente as ervas daninhas. Em relvados se o terreno não estiver bem preparado e completamente isento de sementes de ervas daninhas, elas podem ditar o fracasso completo da sementeira. Já vi relvados terem de ser semeados de novo devido ao alastre de ervas daninhas. A grama com a sua capacidade de se espalhar pelo terreno, domina ela própria as ervas indesejáveis. Talvez não seja por acaso que ela própria seja também, em alguns casos, considerada como uma erva daninha.

Quanto à espécie de grama que semeei o seu nome científico é: pennisetum clandestinum kikuyu grass e, segundo as informações constantes da embalagem, ela é uma espécie perene de crescimento estival com vigorosos rizomas. Adapta-se perfeitamente ao nosso clima (Portugal), sem grandes cuidados de implantação, mas exigente em unidades fertilizantes e água de rega, na fase inicial de crescimento.

Embora no inverno entre em dormência vegetativa conserva a sua cor verde habitual (exceto nas zonas de neve e geadas). Grama de folha média muito resistente ao calcamento intenso e à maioria das doenças fúngicas. Semear com temperaturas a rondar os 20 graus centígrados ou mais. Densidade da sementeira: 2 gramas por metro quadrado.

Movido pela curiosidade saber mais sobre esta espécie de grama fui à procura de mais informações e, na Wikipédia, encontrei um vasto artigo sobre ela de que transcrevo o parágrafo inicial:

A grama tropical das espécies Pennisetum clandestinum é conhecida por vários nomes comuns, na maioria das vezes, capim kikuyu, uma vez que é nativa da região do leste de África, que é a casa da tribo Kikuyu . Devido ao seu rápido crescimento e natureza agressiva, ela é classificada como uma erva daninha em algumas regiões. No entanto, também é popular em jardins na Austrália, África do Sul e sul da Califórnia, porque é barata e tolerante à seca. Além disso, é útil como pastagens para o pastoreio de gado e serve como fonte de alimento para muitas espécies de aves, incluindo o Widowbird de cauda longa. Os colmos floridos são muito curtos e "escondidos" entre as folhas, dando a esta espécie o seu epíteto específico: (clandestinum).

Aumento da capacidade de aproveitamento das águas pluviais

Construção do telheiro
Uma foto da construção do telheiro. Realce mais uma vez para a grande
utilidade da minha motoenxada.
Também procedi à ampliação da área de aproveitamento da água da chuva, tendo construído um telheiro que, ao fim e ao cabo, foi a reconstrução de um outro que já existiu no mesmo local e que foi destruído por um vendaval (vendaval na chácara). Desta vez procurei que ficasse seguro, tendo substituído as chapas zincadas por telhas cerâmicas que, para além do seu aspeto visual mais consequente com um local que pretendo manter com uma aparência rústica, são melhores, principalmente na questão do isolamento térmico. Trata-se de um telheiro com cerca de 12 metros quadrados, no qual apliquei uma caleira de chapa zincada que envia as águas para um pequeno poço de pedra.

Casa de pedra e telheiro
A pequena casa de pedra e o telheiro já equipados com caleiras para
aproveitar as águas da chuva.
Para a caleira deste telheiro escorre a água proveniente do telhado da pequena casa de pedra, que estavam desaproveitadas, e que foi também agora equipado com uma caleira. Deste modo, a área total de aproveitamento de água é de cerca de 80 metros quadrados, que é mais do que suficiente para a capacidade dos depósitos. Em invernos de pluviosidade normal esta área daria para armazenar cinco ou seis vezes mais do que a capacidade de armazenamento atual, que é de cerca de 20.000 litros. A vantagem de uma área de aproveitamento maior é a de poder captar mais água em chuvadas ocasionais de verão ou de final de primavera.

    

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