MEIO ANO DE APRENDIZAGENS

No próximo domingo, dia 31 de Janeiro, o blogue completará seis meses de vida, o que quer dizer que o “Meio Século” está a aumentar e as “Aprendizagens” também. Sim, porque isto de ter um blogue é uma experiência muito enriquecedora, não só em termos dos conhecimentos que se adquirem a nível informático com a manutenção do blogue, mas também com a interacção com os leitores que deixam comentários, o que é deveras gratificante.

Devo dizer que a minha experiência neste campo, à data do início do blogue, era completamente nula e mesmo a nível de trabalho com computadores e mais especialmente de navegação na Internet, apenas começou verdadeiramente há pouco mais de um ano, quando iniciei o processo de RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências) de nível Secundário. Em grande parte este processo foi o responsável pela minha entrega a este tipo de trabalho, pois teve o condão de despertar em mim o gosto pela escrita, que sempre tive, mas que andava há vários anos bastante adormecido.

CONSTRUIR A PRÓPRIA CASA - Construção de uma escada exterior em caracol

Hoje, vou falar de mais um pequeno trabalho de construção civil que realizei, utilizando técnicas próprias, imaginado de forma a ficar o mais económico possível, mas seguro e durável. Trata-se de uma escada exterior em caracol, com treze degraus, que fiz para dar acesso a um terraço e que ficou com um aspecto arquitectónico que considero agradável.

Esta escada, apesar da sua forma complexa, não é difícil de fazer nem fica muito dispendiosa, se não fizermos contas à mão-de-obra, como é evidente, porque na verdade dá bastante trabalho. Do material que utilizei, o tubo de fibrocimento para formar o pilar é que foi um pouco mais dispendioso, o que fez encarecer um pouco mais a obra. Deveria ter considerado a utilização de outro tipo de tubo, mais barato, mas quando o comprei não me informei primeiro do preço e possivelmente existirão outros, talvez de plástico, que poderão ficar mais em conta e servir para o fim em vista.

Vista geral da escada

Fiz o pré-fabrico dos degraus, utilizando um molde de madeira preparado para o efeito, sendo em forma de cunha com a ponta exterior em redondo que enchi com betão composto de uma parte de cimento, duas de areia e uma de brita miúda, formando assim uma argamassa forte. Da parte mais estreita do degrau, que ficou enfiada na coluna da escada, saíam três ferros de 10 mm que faziam parte da armação do degrau e que iriam fazer com que este se fundisse na argamassa do pilar. Para a construção desse pilar utilizei, como já disse, um tubo de fibrocimento, com 25 cm de diâmetro, onde fiz as aberturas nas medidas e locais devidos e depois apontaram as pontas de ferro dos degraus. As aberturas no tubo têm de ser feitas separadas por uma distância equivalente à divisão da distância do solo ao patamar, pelo número de degraus, para que estes fiquem separados uns dos outros, todos pela mesma medida, que não deverá ultrapassar os 20 cm. As medidas que adoptei para os degraus foram: comprimento 65 cm; parte mais larga 38 cm; parte mais estreita 14 cm; espessura na parte mais estreita 8 cm; espessura na parte mais larga 6 cm. Depois do tubo assente e chumbado numa pequena sapata, com uma armação em ferro no seu interior e devidamente aprumado, apoiei as pontas dos degraus nas aberturas do tubo que depois de devidamente nivelados e na posição correcta, foram escorados e imobilizados de maneira a não se moverem quando fizesse o enchimento do pilar. O último degrau transformou-se num patamar que ligou a escada ao terraço, passando a ficar a partir daqui com um óptimo acesso ao mesmo. Mas esta escada carecia de um corrimão e foi aqui que recorri novamente à minha capacidade de imaginação para evitar a encomenda de um em ferro, que dada a configuração da escada iria certamente ficar bastante caro, tendo recorrido então ao seguinte estratagema:

Na ponta exterior dos degraus da escada já tinha deixado um orifício que iria servir para chumbar os ferros verticais do corrimão, o que fiz servindo-me de ferros tubulares de 2,5 cm de diâmetro, que foram cheios com massa forte de cimento e areia e do qual saía uma ponta de 3 cm de ferro de 8 mm. Depois comprei alguns metros de tubo de plástico preto, com 50 mm de diâmetro, que coloquei em cima dos ferros verticais, já na forma desejada, tendo feito a marcação do sitio onde as pontas de ferro de 8 mm iriam entrar no tubo de plástico, que furei servindo-me de uma broca com o mesmo diâmetro. Após isto, enfiei uma vara de ferro de 8 mm no interior do tubo, que ficou com as pontas de fora cerca de 4 cm com a finalidade de ligar o corrimão ao primeiro e últimos tubos verticais que eram um pouco mais largos e mais altos, tendo de seguida tapado os furos que fizera com fita cola forte. Tapei também uma ponta deste e procedi então ao seu enchimento, utilizando uma espécie de funil, com uma massa composta de cimento e areia, após o que aproveitando a frescura da massa tratei de colocar imediatamente o tubo no sitio devido, enfiando as pontas de ferro de 8 mm nos respectivos orifícios. A partir daqui foi só esperar que a massa adquirisse resistência para ficar com um óptimo corrimão, muito seguro e também de baixo custo, isto continuando a seguir a regra de não fazer contas à mão-de-obra.

A escada vista de cima

Para quem tiver necessidade de uma escada deste tipo e tiver tempo disponível para fazer a sua construção, este método torna a sua execução mais fácil devido à inexistência de cofragens, pois para os degraus é apenas necessário fazer um ou dois moldes bastante simples, utilizando alguns bocados de madeira. Claro que para isto é necessário que se possuam alguns conhecimentos de construção, mas desde que se tenha gosto por fazer as coisas pela própria mão, tudo é possível e no fim fica sempre o orgulho e um gosto especial pela obra feita.

Artigos relacionados

Hoje, vou falar de mais um pequeno projecto caseiro, que realizei com a finalidade de embelezar a entrada da minha casa. Trata-se de um arco a que tentei dar um ar de arquitectura românica, não sabendo se o consegui, mas acho que ficou com um aspecto visual agradável....


As férias chegaram ao fim e agora há que ter ânimo para enfrentar de novo o stress do dia-a-dia de trabalho que é, afinal de contas, isso que move o mundo e, nestes tempos conturbados, felizes são aqueles que ainda têm férias e um trabalho para retomar...

PENELA, DESTINO TURÍSTICO

Sempre gostei muito de Penela. Esta vila, vizinha da terra que me viu nascer tem, com os seus monumentos e a sua História, um misticismo que através da imaginação facilmente nos transporta ao passado. Parece sentir-se ali algo de diferente, quase sobrenatural, uma envolvência própria de sítios históricos, de locais onde se viveram acontecimentos que sobrevivem à letargia própria das coisas banais. Creio que esta atmosfera mítica tem sido inteligentemente aproveitada pela autarquia, que tem organizado ou apoiado a realização de eventos associados à sua riqueza histórica, que tem trazido muita gente a Penela, o que poderá fazer com que esta vila venha a ser considerada como uma importante referência turística do país, isto se não o for já.

A ESCOLA DE ALUNOS MARINHEIROS

O guião da Escola de Alunos Marinheiros

A recruta é, geralmente, o período mais difícil da vida de um militar. Eu não fui excepção e as dez semanas da Instrução Militar Básica, na Escola de Alunos Marinheiros, foram muito complicadas em termos de adaptação, não só à vida militar em si, mas também à difícil convivência existente não só entre os elementos da companhia de que fazia parte, mas também do pessoal das companhias de recrutados para o cumprimento do serviço militar obrigatório, que tinham em relação aos voluntários um preconceito difícil de explicar, que era muitas vezes expresso em frases injustas e desmotivadoras do género:

“vieste para a Marinha porque não tinhas que comer em casa”. Claro que isto era apenas uma expressão usada por alguns, apenas como uma forma de critica pela nossa entrada no serviço militar voluntariamente, mas que na verdade não ajudava em nada à adaptação e ao moral de pessoas mais novas que precisavam de ouvir palavras muito diferentes das usadas nesse tipo de frases que, na altura, estavam bastante na moda. De facto, do período da recruta, no que respeita à convivência e entreajuda de pessoas que estavam no mesmo “barco” as recordações que tenho não são muito agradáveis e penso até que em relação à minha pessoa, talvez por ser muito novo, tinha apenas dezasseis anos e a aparentava ainda menos idade, a rejeição dos mais velhos terá sido ainda maior. Isto não invalida ou diminui o grande orgulho que sinto por ter ali estado e a minha admiração por aquela Escola e pela sua missão de educar e converter os jovens que lhe eram confiados em militares disciplinados, desembaraçados e aprumados e em cidadãos honestos e trabalhadores. A minha admiração é extensível e até redobrada em relação aos instrutores que não se poupavam a esforços para que a Escola tivesse êxito na sua missão.

Esta foto é da Revista da Armada de Novembro de 1973 e mostra os marinheiros da incorporação de Setembro desse ano quando, após Juramento de Bandeira, saíam da E.A.M. e entravam na parada das Escolas Técnicas do Grupo 1.


De resto, creio que muito do que se dizia em relação ao serviço militar, que era tido como uma obrigação indesejável por alguns, se devia muito ao regime político que vigorava na época, o que fazia com que se dissessem coisas que não eram verdadeiramente sentidas e creio que a maioria, se não a totalidade das pessoas que cumpriram o seu serviço militar na Marinha, sentem orgulho nisso e saudades desse tempo e dessa Escola, o que de resto está patente no desgosto pela sua extinção, pois até neste blogue, no meu artigo: “O fim do Grupo nº 1 de Escolas da Armada”, alguns filhos da escola têm deixado os seus comentários, manifestando grande tristeza pelo seu encerramento.


Começavam cedo os dias na Escola. O toque de alvorada soava às 7h00 e, logo após o pequeno-almoço, iniciavam-se três tempos de aulas. Após uma paragem de duas horas para o almoço, seguiam-se mais quatro tempos, que terminavam às 18h00. Seguia-se a Leitura da Ordem à Unidade, que era feita através da aparelhagem sonora da Escola e tratava de todas as informações e ordens superiores que diziam respeito à guarnição e recrutas daquele estabelecimento militar, havendo depois um pequeno intervalo até ao jantar, após o que se seguiam dois tempos de aulas de Habilitações Literárias. Depois de uma ceia frugal tocava a recolher às 21h30 e a silêncio às 22h00.

Era um ritmo muito intenso de instrução, adequado ao momento difícil que o país atravessava naquela altura, pois devido à guerra colonial, havia necessidade de preparar rapidamente o maior número de militares possível. Durante um ano passavam por aqui cerca de 4.000 alunos, divididos em quatro incorporações, sendo que a instrução de recruta demorava dez semanas, terminando com a cerimónia de Juramento de Bandeira. As disciplinas que faziam parte da instrução de recrutas eram as seguintes:

Deveres Militares
Orgânica do Serviço
Marinharia, Embarcações e Sinais
Preparação Física Militar
Natação e Desportos
Moral e Educação Cívica
História e Geografia
Infantaria (ordem unida)
Infantaria de Combate
Armamento Geral
Aplicação Táctica do Armamento
Canto Coral

Do programa de instrução faziam ainda parte carreiras de tiro de espingarda e pistola, uma visita à Escola de Limitação de Avarias, no Alfeite, para assistir a demonstrações de ataque a incêndios e uma visita a um navio de guerra.

Esta incorporação (Janeiro de 1972), como já disse no meu artigo anterior: “O Início da Aventura Militar”, tinha 12 companhias de 80 homens cada e os voluntários, caso a memória não me falhe, constituíam um terço do Batalhão, pois existiam quatro companhias formadas por pessoal alistado nesta condição e eu fazia parte da 4ª companhia com o número 251. Cada companhia era comandada por um sargento fuzileiro que tinha como adjunto um cabo da mesma classe e um monitor de educação física que, no caso da minha companhia, era um marinheiro também da classe de fuzileiros. Depois, tínhamos os comandantes de secção e os comandantes de pelotão, que eram nomeados semanalmente de entre os alunos com melhor nota nos exames e que eram premiados com licenças especiais ao fim-de-semana. Havia também um prémio para a companhia classificada com a melhor cota de mérito. Essa classificação era obtida através da média das notas de todos os membros, não só no trabalho escolar, mas também em função da apresentação nas formaturas, revistas, instrução de ordem unida e do comportamento geral. O prémio era o Guião Escolar, que era entregue às sextas-feiras em formatura geral e era usado pela companhia vencedora em todas as formaturas. A 4ª companhia, embora o lamente, tenho de dizer que foi sempre das mais mal classificadas do Batalhão e julgo até que para o final da instrução era mesmo a última. Acho que não existia espírito de grupo, mas creio que isso se devia, em parte, ao facto de sermos muito novos e inexperientes e também algo indisciplinados, apesar da competência, do esforço e da dedicação dos nossos comandantes.

O ritmo intenso e frenético da instrução acabou por fazer mossa em alguns de nós, e começaram a surgir situações conflituosas de caserna, que em nada ajudavam a um bom aproveitamento escolar. Era um frenesim e uma correria constantes de umas aulas para outras com mudanças de roupa e equipamentos a um ritmo veloz, bastante difícil de acompanhar.

O "Livro do Grumete". Todas as matérias ensinadas na Escola constavam deste livro, que era entregue a todos os alunos no início da recruta.

Das várias disciplinas que eram ministradas nesta Escola, a que eu mais gostava era a de Infantaria (ordem unida), pois a marcha da companhia e as várias acções que se efectuavam, ordenadas pela voz do instrutor ou pelos toques de clarim, feitas por todos em sintonia, com o bater compassado das botas no chão da parada, ao ritmo do som dos tambores, era espectacular. De resto, quase todas as aulas tinham uma forte componente prática, pois os métodos utilizados seguiam uma linha de “ensinar mostrando” e “ensinar fazendo”, em vez de “ensinar falando”, o que tornava as lições bastante atractivas. Mas também eram dadas aulas teóricas e para finalizar o dia, já depois do jantar, tínhamos oportunidade de relembrar e aumentar os conhecimentos adquiridos na Instrução Primária, com as aulas de “Habilitações Literárias”, dadas por professores civis, que abrangiam principalmente as áreas de português e matemática.

Hoje vou ficar por aqui, mas voltarei a este assunto pois ainda tenho muito para dizer sobre a Escola de Alunos Marinheiros e a recruta.

Os artigos relacionados com as escolas da Marinha estão listados em ÁREA MILITAR.


UMA AVENTURA NA NEVE

O título desta postagem pode sugerir um livro da nossa ministra da educação; por acaso não sei se ela tem alguma obra com este nome, mas para o caso de não ter, deixo-lhe aqui a sugestão para que escreva um livro com este título, que me parece bastante apelativo; o problema é que agora, com as funções que executa, não creio que tenha tempo para escrever, o que é pena.

Mas esta “aventura na neve” foi bem real, eu fui eu o seu protagonista e devo dizer que foi uma aventura um bocado “pesada” para a minha idade. Afinal já não tenho vinte anos…

Hoje, domingo, saí de casa pela manhã, para o meu habitual passeio de bicicleta. O tempo estava frio e a ameaçar chuva pelo que tinha intenção de andar poucos quilómetros e, sendo assim, não me preparei para um trajecto mais longo. Tinha-me afastado de casa cerca de um quilómetro, quando começou a cair alguma chuva misturada com flocos de neve, o que me fez deduzir que a uma altitude mais elevada provavelmente iria nevar a sério. Resolvi então dirigir-me para a serra, para apreciar o espectáculo que são as paisagens serranas cobertas de neve.

A minha intenção era ir pelo menos até ao Gondramaz, uma aldeia serrana que faz parte da rede de aldeias de xisto e fica a cerca de seis quilómetros de Miranda do Corvo; porém, quando iniciei a subida em direcção à Chapinha, estive tentado a voltar para trás, tal era a força do vento acompanhado agora por precipitação de neve já bastante abundante. Sabia que conforme fosse subindo o vento seria cada vez mais forte, no entanto como, naquele momento, soprava no sentido da subida era de algum modo um auxílio pelo que resolvi continuar.

CONSTRUIR A PRÓPRIA CASA - Forno caseiro multifunções

O forno multifunções em aquecimento

Durante cerca de 10 anos trabalhei na área da construção civil. Ao fim de dois anos de prática, como servente, iniciei a minha maior aventura nesta área: a construção da minha própria casa. Na altura foi um feito bastante admirado pela vizinhança devido às condições em que foi realizado pois, após a aquisição de um terreno, lancei-me ao trabalho sozinho e ainda sem grandes conhecimentos teóricos ou práticos da profissão. Não vou hoje falar disso, mas sim de um pequeno projecto, de vários que realizei, idealizados por mim, fugindo um pouco às regras tradicionais da construção.