A QUINTA DA PAIVA


O Parque de Lazer da Quinta da Paiva.

No passado dia 1 de Junho, dia mundial da criança e feriado municipal em Miranda do Corvo, foi inaugurado o Parque de Lazer da Quinta da Paiva.  O espaço envolvente da Quinta e o rio que a atravessa, o rio Dueça, foi o cenário de muitas aventuras e brincadeiras de infância e juventude, sempre em contacto com a natureza. Na altura do verão passava muitas horas no rio, dentro de água, a nadar ou em explorações nas suas margens e terrenos envolventes.


Rio Dueça. Este açude funcionou, durante muitos anos, como praia fluvial.

Já aqui falei do rio Dueça, que agora assume uma nova importância com a criação deste parque de lazer. Se alguém perguntasse se o parque podia existir sem o rio, a resposta mais indicada seria esta: poder, podia, mas não era a mesma coisa…



Campo de areia, circuito de manutenção e piscina.

Nos terrenos da Quinta, na margem esquerda do rio, foram já construídas ou montadas diversas infra-estruturas, para a prática desportiva e para lazer como piscina descoberta, campo de areia para futebol de praia, campo com piso sintético, uma pista para desporto de manutenção, com diverso equipamento fixo para ginástica, terrenos relvados, parque de diversão infantil e parque de merendas, estando também previsto, para breve, o início da construção de um hotel. Foram também abertos novos acessos e melhorados os que já existiam com a construção de pontes sobre o rio e calcetamento de caminhos. De salientar também a construção de um parque de estacionamento na margem direita do rio, com lugares para mais de 100 viaturas.


Parque de estacionamento.

O parque de lazer é apenas uma das muitas valências do grande complexo turístico em que se tem transformado a Quinta da Paiva nos últimos vinte anos. Recordo-me de, nos anos 60 e 70, a Quinta ter um caseiro residente que cuidava da maioria dos terrenos, onde predominava a cultura do milho. Mas também existiam outros terrenos que eram arrendados e os meus pais amanharam durante alguns anos o terreno onde hoje se situa o parque de estacionamento, numa altura em que a lavragem da terra era feita com uma junta de bois e as regas eram feitas com a água da antiga fonte, que foi substituída pela que existe actualmente no parque e também com água tirada do rio com uma “gaivota”.



Zona sombreada junto ao rio. Um óptimo local para merendas.


Na década de 80 iniciou-se um período de decadência da quinta, no que diz respeito à agricultura, à semelhança do que aconteceu com muitos terrenos da região, com muita gente a abandonar o cultivo das suas terras e a procurar outras actividades mais rendosas.

Foi no início da década de 90 que a Câmara Municipal adquiriu a quinta, tendo sido aventadas várias hipóteses para o seu aproveitamento, tendo-se falado na construção do Centro de Biomassa para a Energia e também no novo estádio Municipal de Miranda do Corvo.

Nenhuma destas hipóteses vingou, tendo então a Câmara Municipal feito parcerias com a ADFP – Associação para o Desenvolvimento Profissional de Miranda do Corvo, para o aproveitamento turístico da quinta.


Javalis no Parque Biológico. Nesta altura uma fêmea tinha dado à luz várias crias.

Foi assim que, a partir do início dos anos 90, começou a ser construído o Centro Hípico  e, desde então, o potencial turístico da quinta não tem parado de crescer tendo hoje, para além do Centro Hípico e do Parque de lazer, agora inaugurado mas que na prática já se encontra em funcionamento há algum tempo, também um restaurante, várias lojas de artesanato e o Parque Biológico entre outras coisas interessantes. De referir que o Parque Biológico é uma novidade na zona e nele estão alojados vários animais representativos da fauna portuguesa. No interior do recinto do Parque Biológico encontra-se a antiga casa do caseiro que foi remodelada e transformada em museu, tendo em exposição vários instrumentos e ferramentas utilizados nas fainas agrícolas e na tanoaria, uma arte caída em desuso, devido à introdução de novos materiais e equipamentos para o armazenamento de vinhos.


O Museu da Tanoaraia (antiga casa do caseiro) e moinho de vento.

No local está também instalado um moinho de vento medieval que foi utilizado na moagem de cereais, não na quinta, onde existe um moinho de água, mas noutro local do concelho, tendo sido adquirido pela ADFP e transferido para este local, mas, na minha opinião acho que este moinho não foi colocado no local ideal para um possível funcionamento do mesmo, mesmo apenas para recriação desta actividade para fins didácticos, uma vez que junto à encosta terá menos possibilidade de aproveitamento dos ventos.

Miranda do Corvo aposta assim no turismo, numa altura em que o concelho tem sofrido uma forte desindustrialização, com o encerramento de empresas que eram uma referência na região. Uma vez que esta aposta no turismo, para além de uma melhor qualidade de vida das pessoas tem também a finalidade de criação de postos de trabalho, principalmente para pessoas com dificuldades específicas, é de todo louvável e será, com certeza, uma aposta ganha a curto prazo.


Foto dos anos 70. Vê-se o terreno onde agora está o parque de estacionamento, o rio, as antigas pontes de madeira, a levada e o moinho de água.


Em "Moinhos de Água" pode ver uma foto do moinho já restaurado e um pequeno vídeo com o mesmo em funcionamento.
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O rio Dueça
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2 comentários:

  1. Muito interessante o seu artigo, no entanto está enganado no que respeita ao Centro da Biomassa para a Energia - CBE. Este existe e está em actividade, contando já 25 anos de existência.Está situado na Zona Industrial de Miranda do Corvo

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    1. O que eu quiz dizer foi que o Centro da Biomassa esteve para ser instalado na Quinta da Paiva ou que, pelo menos, falou-se nessa hipótese e o mesmo aconteceu com o Estádio Municipal que, tal como o CBE, foi construído junto à Zona Industrial.

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