EXPERIÊNCIAS G.P.L.

Hoje vou falar de automóveis movidos a G.P.L. Apesar de não possuir conhecimentos técnicos sobre o assunto, acho que poderei dizer algo sobre o mesmo, baseado na minha experiência de quase nove anos como consumidor desse produto.

Devo dizer que apenas comecei a conduzir veículos de quatro rodas há dezassete anos atrás, em 1994, e o primeiro veículo que adquiri foi um Renault 9 de 1984, que tinha na altura exactamente dez anos de idade. A minha inexperiência fez com que cometesse o erro de adquirir, por um preço que não me atrevo aqui a mencionar para não ser apelidado de parvo, um automóvel já com uma quilometragem elevada, com um grande consumo de combustível e que para além disso me veio a trazer bastantes problemas mecânicos. Passados quatro anos cometi a asneira ainda maior de comprar um automóvel da mesma marca e modelo e ainda mais antigo pois era de 1982, tendo-me iludido com o seu aparente bom estado de conservação, uma quilometragem que se podia considerar reduzida, mas sobretudo pelo seu baixo preço.

A minha ideia era a de passar a utilizar o segundo automóvel e ficar com o primeiro para ir aproveitando peças e acessórios que fossem sendo necessários, uma vez que os dois automóveis eram praticamente iguais. Foi mais um negócio ruinoso pois este carro ainda consumia mais gasolina que o outro, gastando cerca de 12 litros/100 km. Como este veículo estava bom de mecânica e de chapa, tive a ideia de fazer a sua transformação para poder funcionar a G.P.L., ideia que concretizei em 2002, tendo na altura gasto cerca de 750 euros, para efectuar essa modificação, pois como se tratava de um veículo alimentado por carburador, o sistema era bastante mais barato em relação aos sistemas de injecção. Pelas contas que fiz na altura, atendendo à diferença de preço entre os dois combustíveis iria recuperar esse investimento, após ter efectuado 15.000 kms a G.P.L.

De início as coisas até nem correram mal, pois o motor tinha um trabalhar muito suave e regular, tendo sido necessário, apenas, ir ao instalador efectuar algumas afinações ao ralenti. No entanto havia uma perda de potência, que se notava sobretudo nas subidas, mas que não era muito acentuada, sendo portanto um mal menor. Mas como este automóvel já era uma grande “comilão a gasolina”, para que se sentisse satisfeito a trabalhar a gás, necessitava de um suplemento de mais dois litritos aos 100, ou seja consumia cerca de 14 litros/100 km., o que talvez pusesse em causa a recuperação do investimento aos 15.000 km.

Passados alguns meses, o ralenti começou a sofrer desafinações constantes, que provocavam a paragem do motor, o que por vezes acontecia no meio das filas de trânsito e com grandes dificuldades em pegar, tendo de recorrer muitas vezes à mudança para gasolina, para conseguir o arranque. Como, entretanto, a instalação ficara fora da garantia e como estas afinações tinham que ser feitas por pessoal especializado, este problema punha em causa a vantagem da utilização do G.P.L. devido aos gastos acrescidos.

Penso que este problema teria mais a ver com o próprio carro do que com o sistema de G.P.L., pois sempre foi muito difícil efectuar o arranque do motor, mesmo a gasolina e sobretudo no inverno, o que provocava um desgaste enorme da bateria. Em dias de muito frio, pela manhã, e apesar de estar numa garagem era impossível pôr o motor a trabalhar ligado a G.P.L. Cansado e desanimado por todos estes contratempos e tendo chegado à conclusão que tinha sido um erro fazer a transformação deste carro, talvez por ser antigo e do seu funcionamento a carburador poder ter provocado o insucesso parcial do sistema de GPL, resolvi desistir deste carro e procurar outro que não fosse tão inimigo do meu fraco orçamento mensal.

Instalação de GPL.
Foi então que encontrei num stand um Seat Ibiza de 95 já com instalação de G.P.L., que me pareceu, após ter andado alguns quilómetros nele para experimentar, estar em bom estado mecânico, apesar de ter a pintura em más condições. No entanto achei que por se tratar de um carro alimentado a injecção e pelo baixo preço, que julgo seria inferior ao custo do kit de gás com que estava equipado, resolvi arriscar e dar mais um tiro no escuro, pois apesar de tudo achava que a utilização de G.P.L. compensava financeiramente.

Desta vez acertei em cheio, pois para além de ser um óptimo carro para usar no dia a dia, em muito bom estado mecânico, o sistema de G.P.L. funciona aqui na perfeição, não notando qualquer diferença seja em potência ou no arranque do motor, podendo fazer a transição entre combustíveis sem notar qualquer diferença. É verdade que a funcionar a G.P.L. consome mais cerca de dois litros aos 100 km, como acontecia com o veículo anterior, no entanto a diferença de preço dos combustíveis ainda permite uma economia razoável, que já não chega aos 50%, que eram apregoados pelas empresas instaladoras, dado que agora os preços aproximaram-se mais e um litro de G.P.L. anda à volta de metade do preço de um litro de gasolina de 95 octanas. Por esse motivo quem quiser mudar o seu veículo para G.P.L. terá que fazer bem as contas e atender à quilometragem que tenciona fazer, pois se a tendência for para os preços se aproximarem ainda mais, o investimento poderá não trazer o retorno financeiro que se deseja.

Por vezes aponta-se como um inconveniente destes sistemas o facto de ser obrigatória a utilização no exterior do veiculo, do dístico indicativo do G.P.L. e a proibição de estacionar em parques fechados. Devo dizer que a mim, pessoalmente, nada disso me afecta e, em relação ao dístico, só poderá afectar quem realmente tenha necessidade de estacionar nesses parques, existindo agora uns dísticos amovíveis para se poderem retirar quando for necessário, mas não creio que seja um comportamento muito correcto pois pode, eventualmente, trazer consequências desagradáveis.

Existe também um certo alheamento do Governo em relação a este combustível alternativo, pois, apesar dos benefícios para o ambiente inerentes ao seu consumo em detrimento da gasolina, não é feito qualquer incentivo à sua utilização e no Imposto Único Automóvel, os veículos equipados com sistema de G.P.L. são considerados como funcionando unicamente a gasolina, o que é completamente ilógico, pois ninguém vai fazer um investimento, de alguma monta, num sistema desses para depois andar com o carro a funcionar a gasolina.

Baseado na minha experiência de nove anos a consumir G.P.L. vou, segundo a minha opinião, assinalar as principais vantagens e desvantagens do uso desse combustível e que estão, em grande parte, de acordo com o parecer dos técnicos.

Vantagens:
Preço do combustível, inferior em cerca de 50% ao preço da gasolina 95.
Menor poluição do ambiente.
Maior duração do óleo do motor e das velas.
Funcionamento mais limpo do motor.

Desvantagens:
Maior consumo em litros de combustível (cerca de dois aos 100) em relação à gasolina.
Proibição de estacionar em parques fechados.
Ocupação de espaço na mala pelo depósito do gás.
Um certo receio generalizado do uso do G.P.L., que faz com que muitas pessoas não o queiram utilizar, apesar dos técnicos dizerem que é absolutamente seguro.

Depósito de GPL.  Este acessório é normalmente instalado na bagageira, fazendo diminuir o espaço útil da mesma.

3 comentários:

  1. essa desvantagem do reservatório e que não está com nada ...

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    1. É uma desvantagem pequena, comparada com a vantagem do preço do combustível.

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  2. Pode sempre mudar o tipo de deposito. Pode colocar um deposito no lugar do pneu suplente, tal como eu tenho.
    abraço

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