Os Parques Eólicos de Degracias e Rabaçal

Parque Eólico de Degracias.
Todos os parques eólicos que tenho visitado são, de um modo geral, situados em locais de grande beleza paisagística. Nada mais natural pois os locais escolhidos para a sua implantação são, normalmente, o cimo de montes e montanhas devido à maior predominância de ventos em sítios elevados.

Já aqui falei de vários parques eólicos da Serra da Lousã e também do parque de Monte de Vez, este situado já na área do Maciço de Sicó. Na verdade, em questões de beleza paisagística e ambiental a zona de Sicó nada fica a dever em beleza à Serra da Lousã. A diferença mais visível é, talvez, a sua formação geológica que na Lousã é composta em grande parte por xistos e em Sicó abunda o calcário.

Referi-me, em "Energia Eólica na Serra da Lousã", à serra como estando transformada num imenso parque eólico, pois, na verdade, ali embora existam vários parques, estes não se encontram tão dispersos como acontece no Maciço de Sicó, talvez porque a Serra da Lousã é um conjunto de montanhas mais agrupadas geograficamente.

Nos últimos anos tem havido um grande incremento da energia eólica no nosso país, no entanto, em número de geradores, os nossos parques são muito pequenos, quando comparados com os de outros países. Nesta zona já visitei um parque com apenas três geradores, situado no concelho de Ansião e designado por Parque Eólico da Videira. Mas mais pequeno ainda é o Parque Eólico do Rabaçal, que tem apenas um aerogerador em funcionamento.

Nesta placa identificativa já alguém quis "riscar" o Rabaçal do Parque. O certo é que a terceira turbina (a contar da direita) está assinalada como pertencendo ao Parque Eólico do Rabaçal (R1).
Neste edifício estão duas placas informativas, indicando a existência de dois parques eólicos.
Existe uma curiosidade a referir em relação a este último, já que a sua única turbina se encontra no meio do parque de Degracias e a placa identificativa à entrada parece sugerir que se trata de um só parque. No entanto, se atentarmos nos dois painéis que se encontram afixados no edifício de comando-subestação, torna-se evidente que se trata de dois parques.

Isto quer dizer que existe um parque: Rabaçal, que tem apenas uma turbina que, apesar de se encontrar no meio das outras, é perfeitamente identificável pela inscrição R1 na torre.

Pelo que consegui apurar o parque de Degracias situa-se na freguesia de Degracias e o do Rabaçal na de Pombalinho e, a ser assim, é provável que se trate de dois parques devido apenas à divisão administrativa das duas freguesias, mas que, tecnicamente, funcionará como um único parque.

Local para convívios com uma Capela dedicada a Santo António. Aqui ainda existem alguns antigos moinhos de vento com estrutura em pedra. Um deles, visível na foto, está enquadrado no conjunto de construções, tendo beneficiado de algumas obras, estando no entanto longe da originalidade.

Na pequena torre está este painel de azulejos, da
autoria de Natalina Matias. Neste local
 simultâneamente belo e agreste sabe bem
apreciar a frescura da imagem.

Mas isto não passam de meras curiosidades e o certo mesmo é que se trata de um local magnífico onde existe uma Capela dedicada a Santo António e um pequeno parque para festas e lazer. A Capela foi construída junto a dois antigos moinhos de vento, um deles em ruínas e o outro parcialmente recuperado. Estes moinhos são de pedra, de forma circular, diferentes de outros que existiram não muito longe dali que eram de funcionamento giratório com corpo triangular de madeira. O funcionamento destes moinhos, no que respeita à colocação das velas face ao vento, seria através da cúpula giratória, tal como os moinhos de Gavinhos de que já falei num artigo do blogue e onde coloquei dois vídeos com um moinho em pleno funcionamento. No local encontra-se também uma pequena torre com um cata-vento, um pelourinho e quatro painéis de azulejos com figuras representando as quatro estações do ano.

O caminho para o cume do monte segue rodeado de muros de pedra calcária que por ali existe em abundância. O monte apresenta uma curiosa figura, com imensas divisões feitas com pequenos muros que certamente foram construídos para delimitar as propriedades. Aliás, na zona de Sicó parece que todas as propriedades têm destes muros de pedra, possivelmente feitos noutros tempos com a pedra que era retirada dos terrenos para os tornar cultiváveis. Isso é bem visível naquele local, onde se encontram também algumas construções com todo o aspecto de se tratar de abrigos para pastores, pois aquela é uma zona onde zona há muitos rebanhos que para ali são conduzidos para serem alimentados pela erva de Santa Maria, uma espécie de tomilho que abunda na região de Sicó e que dá um sabor característico ao famoso queijo produzido na zona, designado por queijo do Rabaçal.

O ponto de maior altitude do local, a 532 mts.
Quase no cimo do monte foi construído o edifício de comando-subestação do parque (ou parques) eólico e o ponto mais alto é assinalado por um marco geodésico que se encontra semi-arruínado.

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