O FRACASSO DA ENERGIA EÓLICA

Agora que os cumes das serras estão pejados de geradores eólicos e a conta da eletricidade está cada vez mais alta, falando-se que as tarifas de energia irão subir ainda muito mais, começam a surgir algumas dúvidas acerca da tão gabada energia eletrica limpa, abundante e gratuita proporcionada pelo sopro dos ventos.

Há dias ouvi na rádio um programa em que um senhor, ligado ao setor da energia, estava a ser entrevistado sobre o assunto problemático e até polémico dos sistemas de produção de energia elétrica e em que o mesmo afirmava que, devido à ausência de chuva, o país teria de importar mais energia a curto prazo, pois as barragens estariam abaixo da sua capacidade produtiva.
Quando foi interrogado sobre se a produção de energia eólica não estaria em condições de colmatar a queda da produção hídrica, respondeu que a energia eólica embora não estivesse ainda quantificada não era ou não estaria a ser significativa, porque as condições de vento também não estariam a ser as melhores. Estas palavras provocaram-me alguma estranheza, pois se é verdade que nos últimos meses pouco tem chovido, também é verdade que os geradores eólicos já instalados e segundo uns cálculos que fiz, deveriam responder por mais de 50% da energia consumida em Portugal. E deve-se ainda acrescentar, como aumento da produção, os sistemas de mini-produção eólica e solar já instalados em milhares de residências.

Por outro lado, devido à crise dos últimos anos, têm encerrado milhares de fábricas que assim deixaram de consumir eletricidade, o que faz aumentar as dúvidas sobre o deficit de energia produzida em relação às necessidades do consumo.

Os geradores eólicos instalados em Portugal, ao longo de todo o território nacional eram, no final de junho de 2011, de 2.161, distribuídos por 213 parques. O total da potência instalada era de 4120 MW e 36% dessa potência estava instalada em parques com potência igual ou inferior a 25 MW. Fonte: http://www.portal-energia.com/energias-renovaveis-produzem-mais-de-50-da-electricidade-em-portugal/


Este Parque Eólico situado na Serra da Lousã tem 13 aerogeradores, com a potência total instalada de 26 MW e, segundo consta do painel informativo, produz energia equivalente ao consumo doméstico de 40.000 habitantes. Ora, se 13 aerogeradores produzem energia para esse número de pessoas, seriam necessários 3.250 geradores com a mesma potência para fornecerem energia doméstica a 10.000.000 de pessoas, ou seja à totalidade dos habitantes do país. No final de junho de 2011 estavam instalados 2161 geradores, agora passado um ano provavelmente já estarão mais alguns em funcionamento o que significa que muito mais de 50% da energia consumida já será fornecida pelos geradores eólicos. Depois há as barragens, a energia solar, o biogás, a biomassa e muitas casas a produzirem a sua própria energia e até a injetar energia na rede… então porquê a necessidade de importar energia? Será que os geradores eólicos não estão a ser devidamente aproveitados ou, por qualquer motivo técnico desconhecido, não produzem tanta energia como é apregoado? Mesmo que se possa admitir que haja períodos em que a velocidade do vento é menor do que o normal, essa probabilidade já deveria ter sido prevista, até porque antes da instalação dos parques são feitos vários estudos e colocados aparelhos para fazer a medição e frequência dos ventos.

O certo é que os consumidores estão a pagar os grandes investimentos que foram feitos em parques eólicos, não se prevendo, a médio ou mesmo a longo prazo, uma alteração dessa tendência. E será que a aposta na energia eólica trará alguma vez o retorno financeiro de tão grandes investimentos? Pode não existir qualquer relação, mas a verdade é que tenho observado que alguns mini-produtores de energia estão a desistir dos seus pequenos geradores eólicos e a instalar painéis solares, o que pode significar alguma fracasso dessa forma de produzir energia, seja por ausência de vento, custos de manutenção, avarias, etc.

Em teoria, a energia eólica deveria ser mais produtiva do que a solar, uma vez que os painés fotovoltaicos apenas produzem durante o dia e, mesmo assim, essa produção baixa nas estações mais frias e quando não há sol. Em contraponto, os geradores eólicos estarão aptos a produzir a qualquer hora e em qualquer estação desde que exista algum vento.

Apesar dessa teoria o futuro parece apontar para uma cada vez maior aposta na produção própria de energia solar, o que é visível perante os painéis que ultimamente têm sido instalados em residências particulares. No entanto, como se trata de investimentos avultados, essas instalações nunca irão estar ao alcance de todos e os que o não podem fazer, terão de ser eles a financiar os sistemas públicos de distribuição. 

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13 comentários:

  1. é um titulo muito forte para um documento que pouco justifica esse titulo. Qual a alternativa à não produção de energia eólica, importar energia? Se não houvesse tarifas bonificadas ninguém instalava microproduções ou outro tipo de energia. Importar é a outra opção? Nuclear? ??

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    1. Obrigado pelo comentário. Concordo que, de facto, o título que dei ao artigo é um bocado forte, mas perante as estatísticas de produção e o elevado número de aerogeradores já instalados, penso que deveríamos estar um pouco mais autossuficientes não questão da energia e não estar tão dependentes das barragens e da chuva que pode nem sempre ser suficiente. Mas isto é apenas uma opinião e eu até acho que a aposta nas energias renováveis, entre as quais a eólica, é o melhor caminho.

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  2. caros intervenientes e anónimos, o titulo do artigo, não ´é forte, mas é muito fraco para classificar uma aberração de um investimento inqualificavel, pois os promotores deste investimento sabiam que isto iria ser um autentico fiasco no nosso país. Se observarmos como eu há meses que observo, as várias eolicas em frente onde habito, verificará que elas nunca atingem o número de rotações necessário para produzir eneregia,e se alguma vez produziram, essa produção foi extemporanea, não teve qualquer interesse, porque essa produção não serve a distribuidora nem o consumidor. A energia sobe de preço porque agora ainda temos de pagar o investimento que outros fizeram. a força do vento e a sua constancia são bem conhecidas e estão estudadas por organismos competentes na matéria, bastava analizá-los, para concluir que não serviam para o fim desejado. não venham dizer que os ventos se alteraram agora que foram instaladas as eolicas. isto foi um bom negócio0 para alguns.
    O destino das eolicas é serem todas deitadas abaixo, agrupados os geradores, e instaladas turbinas do século xxI de origem portuguesa, que em breve estarão no mercado, e que se estima possam ter um custo de mil por cento inferior às turbinas actuais, consumam mil por cento a menos, tenham um custo de manutenção mil por cento inferior, e poluam o meio ambiente uma milesima parte, com uma produção ininterrupta, .
    Quando essa altura chegar, o que poderá ser em breve, então sim poderemos pensar que o nosso país se tornou independente em termos de energia.
    Eu sei que alguns dos leitores deste comentário sorrir e desdenhar, mas lembrem-se que "o hmem pensa, e a obra aparece".


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    1. Obrigado por este comentário tão interessante. O tema da energia eólica começa a ser bastante controverso. Parece-me que existe muita "conversa fiada" no que respeita à produtividade dos parques eólicos.
      Vamos esperar então por essas turbinas do séc. XXI, de que estou a ouvir falar pela primeira vez. Quem sabe se não será a solução para o nosso problema...

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  3. caro Anônimo4 de fevereiro de 2013 21:15

    gostava de testar um desses sistemas de que fala.

    pelo k sei existe um estudo brasileiro que prope uma solução curiosa mas fucional.

    a tecnologia que anda ai nos monte nao tem grande rendimento.

    estou disponivel em ventosa...

    eu@tumais.eu

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    1. começo por pedir desculpa de só agora responder, mas só agora tenho algo de mais concreto para dizer. o projeto de registo de patente já foi entregue, e pelas conversações creio estar apto para aprovação.
      Foram feitas pesquisas a nível internacional, por pessoas credenciadas na matéria, e nada foi encontrado, com alguma semelhança, mesmo pequena que fosse. Esto a preparar um encontro com pessoas que admitam a hipótese de aquilo que digo ser interessante, e queiram satisfazer a curiosidade de saberem até que ponto o projeto lhes interessa. adianto que serão necessárias umas dezenas de interessados, pois vai chegar para muitos. Adianto também que não haverá qualquer compromisso de ambas as partes, nem qualquer investimento antecipado. Um abr., Fernando

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  4. Olá amigo,meu nome é Jefferson e escrevo do Brasil.
    Não sei como funciona o governo em Portugal mas se o citado programa de rádio fosse daqui do Brasil,qualquer cidadão desconfiaria das informações dadas pelo indivíduo ligado ao setor de energia.
    É o seguinte: O governo e seus setores não são e nunca serão a parte inteligente na equação.Se uma nova e revolucionária solução aparecer para resolver os problemas da população em relação a energias renováveis e esta solução não significar ganho financeiro para qualquer governo e ainda pior,retirando ou ameaçando uma forma antiga já estabelecida de escravidão material, o quê vc acha que iria acontecer?Que eles iam dizer amém?
    Se o governo gasta com parques eólicos,quem paga a conta são os contribuintes,mas quem superfatura as compras para a construção dos parques é o governo.E que governo construiria um parque eólico eficiente para a geração de energia se isso iria prejudicá-lo financeiramente no futuro?
    Se os parques eólicos se mostrarem ineficientes existe outra maneira interessante de ganhar dinheiro: superfaturar no orçamento para a importação de energia à curto prazo.E isso não quer dizer que os parques não sejam construídos com total perfeição, mas quem garante que um governo que tenha algum interesse excuso não mantenha alguns interruptores desligados propositadamente...
    Modificações inteligentes no sistema não são feitas pelo governo mas sim pelos governados!
    É claro que falo tendo como referência o inescrupuloso e totalmente corrupto sistema de meu país,mas uma coisa eu já aprendi,ir contra certos interesses não agrada muito certos setores mundiais e se não fosse deste jeito meu amigo,vc também não estaria procurando uma saída alternativa para a geração de energia limpa e gratuita. Não desanime,continue daí que eu continuo daqui.
    Abçs,Jefferson.

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    1. Olá Jefferson. Obrigado pelo comentário.
      Creio que em Portugal, no que respeita a energia, as coisas não devem diferir muito do Brasil. As grandes empresas ligadas ao setor energético têm de manter ou mesmo aumentar os seus lucros fabulosos e quem paga é o povo ou, para usar uma expressão popular portuguesa, o “Zé povinho”.
      Podem baixar ordenados e reformas, cortar o subsídio de desemprego, etc. que os gestores dessas empresas têm de continuar a receber os seus chorudos ordenados mesmo que o povo esteja a morrer à míngua e se alguém não puder pagar ameaçam logo cortar a energia. Quem puder instalar sistemas de produção própria talvez consiga escapar ao garrote, mas essas instalações são caras e o governo dificulta cada vez esses processos, sendo que a razão para isso facilmente se adivinha.
      Resta-nos continuar a lutar por melhores dias…
      Um abraço.

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  5. Caro José Alexandre Henriques,

    Muitos parabéns por este seu blog, que tenho seguido com alguma frequência e do qual tenho retirado muitas proveitosas ideias.
    O velho ditado: "a tenda quer-se na mão de quem na entenda", assenta-lhe como uma luva, continue, que tal como eu, muitos outros aqui vêem beber e que embora não o demonstrem ou expressem, ficam com certeza agradecidos.

    Conheço muito bem a Lousã, Miranda do Corvo e toda a zona envolvente, e apesar de morar a duas centenas de quilómetros mais a norte.

    Conheço os parques Eólicos de Vila Nova (recentemente reforçado com mais 4Mw), Vila nova II, Malhadizes, S. João I e S. João II, Ortiga, e mais a norte, Safra Coentral, Lousã, Malhadas, Cadafaz e a maioria dos restantes construídos ou em construção em Portugal.

    Conheço também o observatório construído dentro do perímetro do PE de Vila Nova, todo ele financiado pela indústria eólica, graças ao engenho e empenho do malogrado amigo Godinho.

    Sobre energia eólica propriamente dita (entenda-se produção de energia eléctrica), não há muito em Portugal quem domine a matéria, no entanto aparecem sempre uns tais que querem desfiar as leis da física e que afirmam coisa do género "os aerogeradores actuais não são eficientes" sem contudo conhecerem ou terem sequer estado dentro de um aerogerador.

    A função de um aerogerador é aproveitar a força cinética do vento, como a velocidade do vento á saída do rotor não pode ser igual a 0, o CP do aerogerador nunca poderá se superior a cerca de 59,3% (limite teórico ou lei de Betz) este limite nada tem a ver com a eficiência da máquina em si.

    Quanto ao "Fernando" o melhor e esperarmos sentados, há muito que apregoa pelas redes sociais, uma descoberta fenomenal que vai revolucionar o mundo industrial e energético, mas que melhor faria se gasta-se num curso de física o que tem gasto em registo de patentes. Se calhar não é bem assim, há dois ou três anos, vi na Dinamarca um protótipo em que era capaz de jurar que tinha a assinatura dele, no momento não quis saber, mas que foi tema de conversa e galhofa nas longas noites Danesas lá isso foi.

    Termino como comecei: A tenda quer-se na mão de quem na entenda!

    Cumprimentos.

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    1. Olá, caro Santos.
      É verdade que muitos leitores do blog não expressam qualquer opinião, mas, felizmente alguns, como é o caso do senhor, deixam comentários muito interessantes que, de algum modo compensam a timidez ou a indiferença de outros.
      Fico contente por saber que conhece a região e, estando dentro do assunto da energia eólica, a sua participação é ainda mais valiosa.
      Cumprimentos e o meu obrigado!

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  6. Comentando directamente o seu post, a questão não é tanto se produz ou não produz o que estava projectado, a questão é a gestão da rede, sabia que a energia produzida tem de ser consumida no mesmo instante? Ou também é dos que pensa que se pode acumular energia em grandezas de GW's?

    Quanto a falência da energia Eólica, sabia que no Brasil há parques que estão a vender energia abaixo da tarifa da termonuclear? E em Espanha?

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    1. Tenho de confessar que não sou um grande conhecedor da problemática da energia eólica, mas vou tentando aprender sempre. O facto de ter dado ao post um título, como já alguém disse, muito forte, é também para incentivar a discussão do tema.

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  7. 18 de setembro de 2014
    O Brasil deve ingressar no ranking dos dez maiores países em capacidade instalada de energia eólica ainda neste ano. A previsão foi feita pela presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Melo. No ano passado, o Brasil ocupava a 13ª posição, com capacidade instalada de 3,46 gigawatts (GW). Para o final deste ano, o número estimado é de 7 GW. China e Estados Unidos lideram o ranking, com capacidade instalada de aproximadamente 90 GW e 60 GW, respectivamente. Segundo Elbia, no último domingo, a geração dos parques eólicos alcançou a marca de 2.030 megawatts médios. ?Estamos entrando no período de safra dos ventos?, disse. A energia eólica é, no acumulado dos últimos anos, a segunda principal fonte contratada em leilões de geração, perdendo apenas para os projetos hidrelétricos.

    Fonte: Faeg

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