Ferramentas agrícolas motorizadas - A motosserra


Nos últimos anos tem-se assistido a uma grande evolução nas ferramentas agrícolas utilizadas na pequena agricultura caseira. Atualmente já quase ninguém dispensa uma motorroçadora, uma motosserra ou mesmo uma motoenxada. As motorroçadoras fizeram a sua aparição há relativamente pouco tempo e servem para cortar erva, mato ou silvas deixando na arrecadação as foices e as alfanjes. Poupam algum esforço, mas, ainda assim, não são muito fáceis de operar e têm, naturalmente, o inconveniente de consumir combustível. Normalmente são equipadas com motores de combustão a 2 tempos que consomem gasolina misturada com óleo, o combustível que é mais caro nas bombas de abastecimento, mas mesmo assim compensam pelo menor esforço e tempo despendido no trabalho.

As motosserras são ferramentas que já têm uma existência mais longa sendo também imensamente úteis para quem subsiste com baixos ordenados e tem de procurar através do seu próprio trabalho o combustível (lenha) para aquecimento ou outros fins. Quem vive no campo e tem já alguma idade, certamente que se lembra das longas sessões de serração que se faziam para traçar as árvores em pequenos pedaços, para alimentar a lareira o forno ou a fornalha. E serrar árvores, mesmo de pequeno diâmetro, com serras manuais não é um serviço nada fácil. Sei do que falo porque cortei e tracei muitas árvores com uma serra de arco

DE VOLTA À QUINTA DAS TORRES


Traseiras do Grupo 1
Portão das traseiras da Unidade militar, junto ao apeadeiro da Quinta das Torres.
Já escrevi vários artigos sobre o Grupo nº 1 de Escolas da Armada, uma Unidade da Marinha que se encontra desativada há quase quatro anos, precisamente desde 31 de Agosto de 2009. Num desses artigos “Recordar o passado em Vila Franca deXira”, em que fazia o relato de uma visita de nostalgia que fiz ao local, dizia que “esperava lá voltar um outro dia, antes que aqueles edifícios fossem todos demolidos, porque, infelizmente, parecia ser esse o seu destino mais provável.

NOVAS OBRAS E SEMENTEIRA DE GRAMA NA CHÁCARA

No último artigo que escrevi sobre a minha chácara – Fazer uma calçada rústicadisse que os projetos de construção civil, mesmo os mais pequenos, muito dificilmente são dados como concluídos em definitivo, pois estão constantemente a surgir novas ideias e mais trabalhos são iniciados, ligados ao projeto inicial.

Claro que me referia a pequenos projetos caseiros, começados do nada, sem um planeamento rígido, uma vez que não existem meios financeiros para uma programação ambiciosa desses projetos e tudo é feito pelas próprias mãos, um pouco ao sabor do tempo disponível, das necessidades que vão surgindo, da vontade para fazer os trabalhos e, claro, de algum dinheiro, porque, por muito que se poupe, de materiais que se reciclem, etc. sempre é necessária alguma “grana”.

Construção de um passadiço em pedra
Construção de um passadiço em pedra.

CRIAÇÃO DE PATOS

Uma das primeiras obras que efetuei na minha chácara foi uma capoeira. Essa capoeira que tem cerca de 100 m2 de área, foi construída de modo a ser segura para evitar a entrada de animais predadores, como a raposa ou o gato toirão e ainda aves de rapina. Esses cuidados impunham-se, uma vez que a capoeira foi instalada em pleno terreno agrícola, afastada de habitações e, por isso mesmo, deduzi que seria um alvo mais atrativo para esses animais. A capoeira tem uma área coberta e fechada destinada a abrigo das aves e a restante está vedada com rede de arame entrançado e por cima com rede de pvc, em pequenas quadrículas, para evitar a entrada de aves de rapina e outros animais selvagens e também para impedir a fuga de algumas aves, como pombos ou rolas.

Cheguei a ter na capoeira um elevado número de aves de várias espécies, mas neste artigo vou falar, mais especificamente, de patos, porque de início apostei com entusiasmo na criação destas aves. Adquiri uma dúzia de patos de carne (daqueles patinhos brancos que não fazem criação), quatro fêmeas e um macho de patos mudos e um casal de patos reais. Não tinha qualquer experiência na criação destas aves, mas resolvi dedicar-me a essa atividade porque ouvia dizer que os patos comiam de tudo e faziam muita criação. Esse foi um dos motivos e um outro foi porque achava os patos bonitos e que seria bastante romântico ver as aves a nadarem num pequeno lago…

Foi por isso que deitei mãos à obra, na construção de uma pequena piscina para que os patos pudessem tomar banho e se sentissem bem, e eu próprio também, quando tivesse tempo para os apreciar nessa atividade. No entanto, acabei por chegar à conclusão de que foi um erro construir o pequeno lago e pensar que seria bonito ver os patos a nadar.

Esse erro tem a ver apenas com a falta de água corrente no lago, ou pelo menos a falta de um poço de onde extraísse água à vontade para fazer a limpeza e a mudança de água do lago. Como já disse no artigo “A minha chácara”, o terreno não tem nenhum poço e a água é aproveitada da chuva, mas no verão ela não abunda e, por isso, tinha dificuldade em mudar a água do lago.

E a verdade é que os patos sujavam a água muito rapidamente e não só a água do banho, pois até os bebedouros ficavam sujos muito rapidamente e era preciso estar sempre a limpá-los.

Patos a nadar no pequeno lago que construí na minha chácara.

Normalmente, os patos estão associados à água e, naturalmente para eles, é uma satisfação puderem nadar ou mesmo chafurdar num qualquer recipiente, mas será muito melhor se o fizerem em água corrente e abundante, para além de ser visualmente mais agradável vê-los a nadar em águas limpas do que a chafurdar num pequeno charco.

Foi a falta de água em abundância que ditou o fracasso da minha criação, porque não era possível, pelo menos no verão, estar a mudar a água do pequeno lago com alguma frequência. Mas não foi só por isso que deixei de criar patos, embora fosse essa a principal razão. As patas chocavam com frequência e facilidade mas depois do nascimento dos patinhos era necessário ter um compartimento disponível para os acolher e vigiá-los com frequência (se houvesse tempo para isso) porque as mães não tinham qualquer cuidado e pisavam ou esmagavam mesmo os filhotes, chegando a destruir mais de metade da ninhada. Outra coisa que me causava alguma repugnância era que alguns machos, em especial o pato real, na tentativa de galar as patas perseguia-as atrozmente e dava-lhes fortes bicadas no pescoço e na cabeça provocando-lhes feridas que certamente lhes deviam doer bastante. A sua atitude de machão violento obrigou ao seu abate prematuro.

Creio que todas estas vicissitudes são naturais e se criar patos fosse uma atividade fácil, que desse muito lucro, haveria certamente mais pessoas a fazê-lo e a carne de pato não seria tão cara e seria maior a oferta nos supermercados, não só de carne de pato (ou pata), mas também de ovos.

Talvez seja por tudo isto que, de um modo geral, as pequenas explorações caseiras apostam mais nas galinhas, porque estas aves, para além de serem tradicionalmente mais dóceis e disciplinadas, também não são tão exigentes quanto ao seu habitat, mas tudo tem o seu lugar e um delicioso arroz de pato, não se pode confecionar com galinha…

Lago artificial para patos
Um lago artificial para patos. Depois de escavado foi forrado com plástico,
uma forma  de construção económica.

Sei que muita gente cria patos sem ter nenhum lago para eles tomarem banho e será que isso é mesmo necessário, ou os patos apenas precisam de ter água para beber? Encontrei duas opiniões em dois livros sobre autossuficiência, que não são totalmente coincidentes e uma delas aconselha mesmo a quem não tiver fontes na sua terra a desistir de ter patos. Está no guia prático da autossuficiuência, de John Seymour, e diz o seguinte:

É absurdo dizer-se que os patos não precisam de água. É indispensável que tenham sempre água e sem ela não podem ser felizes. É desumano ter animais em condições que vão contra a própria natureza. Deixe os patos irem para a água, mas não os mais pequeninos, com dez a quinze dias, ou melhor antes que lhes tenha aparecido a proteção natural (óleo sobre as penas). No entanto dê-lhes sempre água para beber.

É preferível que a água onde os patos nadam tenha corrente e se renove continuamente; um tanque de água estagnada é menos saudável. Muitos ovos são postos na água ou sobre as margens e, se o tanque estiver sujo, os ovos que tiverem a casca porosa podem ser perigosos para comer. Não coma nunca os ovos que tenha estado em água suja, mesmo que os limpe muito bem por fora. E, se não tiver fontes na sua terra, aconselho-o a desistir de ter patos. É evidente que pode construir um tanque artificial em cimento, barro ou com qualquer material plastificado enterrado no solo, mas nestes casos tem de ter possibilidades de renovar a água.

(Interrompo aqui a narrativa de John Seymour para dizer que se tivesse lido isto antes de arrancar com a criação de patos, provavelmente teria pensado duas vezes antes de o fazer).

Continuando…

Um pato bravo tomará conta, e terá mesmo muito prazer em o fazer, de meia dúzia de patas, mas estas são mães lamentáveis. Se as deixar chocar, tem de as fechar forçosamente numa incubadora, pois de outro modo podem matar os filhos arrastando-os por toda a parte, atrás delas. As galinhas são melhores mães do que as patas. O período de incubação dos ovos de pata é de 28 dias.

Os patos pequenos precisam de uma alimentação muito cuidada. Desde o primeiro dia até à décima semana, dê-lhes tanto de cevada ou de outros alimentos quanto eles o desejarem e, junte-lhes leite. Alimente os patos do mesmo modo que alimenta as galinhas que não são para engorda. O pato não come tanta erva como o ganso, no entanto encontrará sozinho grande parte da sua alimentação, se puder ir até à água ou até ao lodo. É parcialmente carnívoro e come lesmas, serpentes, rãs minhocas e outros insectos. Não deixe que as patas engordem muito, pois os ovos serão estéreis. À guisa de pequeno almoço, os patos gostam de uma papa de legumes cozidos, flocos de aveia, farinha de ervilhaca ou de feijão, farinha de trigo e um pouco de farinha de cevada. Dê-lhes metade de uma mão-cheia todas as manhãs e outra metade à noite. Se achar que ficam muito gordos, diminua as rações; se os achar muito magros, aumente as rações, como é óbvio.

Deve matar os patos pequenos quando eles tiverem dez semanas; de qualquer modo, não irão aumentar muito de peso. Evidentemente que também pode comer patos mais idosos, mas estes serão mais duros e com mais gordura.

O abrigo para os patos pode ser extremamente simples o que não significa que seja feito de qualquer modo. Os patos gostam de abrigos secos, sem correntes de ar, mas bem arejados. Se for um abrigo que possa ser transportado, melhor, pois se assim não for, o espaço imediatamente à volta torna-se num verdadeiro esterco. O abrigo também deve ser resistente às raposas e aos ratos.

Devo dizer que me identifico com o que John Seymour escreveu no seu livro, sobre patos, mas para além da sua opinião e também do relato das minhas próprias experiências, deixo aqui também a opinião que transcrevo de outro livro neste caso do livro Vida – Um guia de autossuficiência, cujos autores não são totalmente coincidentes com o relato de John Seymour, mas isso também poderá ter a ver com as diferentes localizações geográficas dos autores: Inglaterra e Brasil.

Ilustração de uma instalação de criação de patos
Esta ilustração mostra como se pode instalar uma pequena produção de patos.
O comedouro é bastante original e económico: de um pneu velho
obtêm-se dois comedouros.
Os patos são aves resistentes, rústicas, que adoecem muito pouco. A criação é fácil, e as fêmeas são ótimas chocadeiras e criadeiras. Elas criam bem os filhotes, defendendo-os de animais em geral. A criação pode ser feita em pequenas áreas, em sítios ou fazendas, e mesmo no fundo do quintal. Os patos produzem carne de ótima qualidade, saborosa. Os seus ovos são maiores e mais ricos em proteínas do que os ovos de galinha e encontram grande aceitação no mercado, atingindo preços muito bons. São muito procurados por pessoas com anemia.

Se você pretende criar patos, comece com um macho e quatro fêmeas. Para isso, basta dispor de uma área de dez metros quadrados, com chão de terra batida. Não é necessária nenhuma construção para as aves, somente caixas de madeira com palha de 45 cm de comprimento por 40 cm de largura, para os ninhos. Devem ficar em lugar escondido. Se possível, improvise uma cobertura. Para comedouro, utilize pneus cortados pela metade. E, se puder, coloque num canto do quintal uma caixa de concreto pequena para o banho dos patos.

Existem três variedades de patos: a branca (ave toda branca), a preta (toda preta, com penas brancas nas asas), e cinza ou azulega (colorido branco e cinza ou azulega). Existem, ainda, os patos vermelhos (marrons). No início da criação escolha, de preferência, aves de uma só variedade (cor) caso contrário, a mistura será muito grande, originando aves de colorido muito variado, indefinido.

Crie patos com ração de galinha, misturada com um terço de milho (fica bem mais barato). Além disso pode alimentá-los também, ou somente, com restos de comida, cascas de comida, cascas de batata, pois eles aceitam de tudo. Com relação à alimentação e aos cuidados, é bem mais fácil criar patos do que galinhas.


A POSTURA

Em geral as patas põem de 60 a 100 ovos por ano, dependendo do manejo. Se elas próprias chocam os filhos e os criam, a postura é menor – 45 a 60 ovos. Mas se elas apenas chocam e os filhotes vão para a criadeira, reiniciam a postura pouco tempo depois do choco. A postura é maior na primavera e, nos meses de janeiro a maio, elas praticamente param de botar. Em geral, põem de 15 a 20 ovos, param e chocam até atingirem a postura total. Após 30 dias de incubação, nascem os patinhos. O melhor é colocar várias patas, para chocar no mesmo dia – cerca de 12 a 15 ovos por ave. Depois de nascidos transfira os patinhos para uma ou duas patas. As outras ficam liberadas para reiniciar a postura. Uma opção ainda melhor é colocar todos os patinhos em criadeiras aquecidas por lâmpadas elétricas. Uma caixa de madeira, forrada com uma camada de limalha de madeira e papel, pode resolver o problema. Mas se o criador dispuser de incubadora e criadeira (à venda no mercado), pode usá-las sem problemas.

Depois de nascidos, deixe os patinhos na criadeira por trinta dias. Nos cinco primeiros dias, dê quirera de milho bem fininha. Depois desse período, alimente-os com ração para pintinhos. Forneça água sempre limpa, trocada diariamente. Muito cuidado: improvise bebedouros bem rasinhos, para que os patinhos não se afoguem.

Quando os patinhos completarem 40 dias, leve-os para um local aberto, separados das aves adultas. Troque a alimentação. Dê ração para frangos, misturada com quirera e farinha de milho em partes iguais. Sirva a ração em cochos de madeira e a água em calhas de zinco. Quando as aves atingirem dois meses vacine-as contra Newcastle (existe vacina única para duas doenças). Nesse ponto, separar as fêmeas para postura e os reprodutores. Os que restarem deixe para consumo ou comercialização, vivos ou abatidos. Com essa idade, os patos atingem peso de 2,5 a 3 quilos, depois de limpos.

DOENÇAS

Apesar de raras, eventualmente pode aparecer alguma doença na criação. A mais comum é o “descadeiramento”, provocado pela falta de vitaminas na alimentação e caracterizado pela atrofia das pernas. Para prevenir a doença use uma alimentação
balanceada e rica em vitaminas. Às vezes, os patos têm diarreia, acompanhada de hemorragia intestinal., Alguns criadores do interior costumam usar 100 gramas de borra de café, misturadas com dez litros de água. Apesar de ser um remédio caseiro, sem nenhum fundamento científico, costuma dar bons resultados.

Recomendações para o iniciante na criação de patos: a cada quatro meses, dê às aves vermífugos à base de piperazina, principalmente se eles forem criados soltos, em locais onde haja lagos. Eles se alimentam de lodo dos lagos e ficam em contato permanente com a terra, sujeiras e verminose. Para a criação criada solta, construa um abrigo, mesmo pequeno e rústico, para os patos se protegerem do sol. Descarte as fêmeas após dois anos de idade, pois a postura diminui muito daí em diante. Jamais coloque patos em gaiolas (viveiros) porque eles criam calosidades na sola dos pés.

Além disso, no caso de criações grandes, em áreas maiores, faça várias divisões: para reprodutores, para as aves pequenas até trinta dias e para aves até noventa dias.

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