No
início da minha carreira profissional, que aconteceu muitos anos antes da revolução
de Abril de 1974, e também depois dessa data, quando trabalhava no duro em
pequenas fábricas ou na construção civil, era costume os trabalhadores
comentarem entre si que trabalhar em empresas onde não se conhecia o patrão é
que era bom. Aludíamos às grandes empresas como CP, EDP, CTT etc. e também,
claro está, ao Estado. Hoje, depois de ter prestado serviço não só nas pequenas
empresas onde se conhece perfeitamente o patrão e é ele próprio quem dirige e
labuta ao lado dos trabalhadores, mas também em organizações estatais, onde o
patrão é uma figura abstrata que ninguém conhece, chego à conclusão
surpreendente que, afinal, é melhor conhecer o patrão do que ser dirigido por intermediários,
porque esses muito dificilmente irão atribuir valor a quem realmente o tem e o
patrão vê com os próprios olhos o trabalho que cada um realiza, assim como o
seu grau de competência. É por isso que no Estado por vezes se comenta em
surdina e em calão que: “quem mais trabalhar, mais trabalhado fica”.
Projetos e engenhos caseiros sustentáveis - construção civil - agricultura - histórias de vida.
Andores em forma de barco
É
na Capela da Senhora da Boa Morte que se inicia a maior manifestação religiosa
do concelho, a Solenidade dos Passos do Senhor, que atrai milhares de pessoas a
Miranda do Corvo, para uma manifestação de grande intensidade religiosa.
Esta
Capela encontra-se isolada num adro da vila. Anteriormente terá lá existido a
Capela de S. Cristóvão, de que subsiste documentação provando a sua existência
em 1576. Houve igualmente, à sua frente, um adro com um cruzeiro com o nome do
mesmo santo. Lá se enterravam os que, sendo de fora da freguesia, nela
pereciam, o que levou a que chamassem aquele adro “pátria dos peregrinos”.
No
século XVIII esta era a maior Capela da vila e por esse motivo quando na igreja
paroquial não era possível celebrar o culto, vinham temporariamente as funções
paroquiais para S. Cristóvão. Assim em 1709, havendo necessidade de levar a
cabo obras na Matriz, as missas diziam-se em S. Cristóvão. Em 1767, pensou-se
em construir uma nova igreja matriz, porque a que existia estava muito
arruinada. Chegou a elaborar-se um projeto de alargamento da capela de S.
Cristóvão, para a sua transformação em matriz, mas a ideia não foi, porém,
avante.
Em
1785, quando se demoliu a velha igreja matriz, a capela de S. Cristóvão voltou
a ter funções paroquiais, até se fazer a nova matriz que atualmente existe.
Estas razões da sua importância serviram até para que se retirasse do adro e
das proximidades, a feira semanal que aí se fez até 1775: nesse ano a Câmara e
os moradores forçaram para que fosse mudada para a praça sobranceira ao rio e,
entre as alegações, aparece a da “indecência considerável” que o mercado
representava para a celebração do culto na capela, especialmente nas primeira
quartas-feiras do mês, em que a afluência de gente e o burburinho
correspondente se contrapunham à seriedade e compostura dos actos religiosos.
A
Guerra Peninsular trouxe graves consequências para a região e a capela foi
queimada pelos franceses durante a 3ª Invasão. Por esse motivo esteve em obras
até 1838, ano em que se fez novo compromisso com a Irmandade, por ter ardido o
anterior, e se pediu aprovação régia. A construção atual pertence à segunda
metade do séc. XVIII, altura em que a capela muda de patrono.
A entrada para o recinto da capela. O contorno ligeiramente arredondado dos dos muros tem a forma de um barco. |
De
facto, a configuração dos muros tem alguma semelhança com a forma de uma barca,
exceptuando, talvez, a parte da frente que corresponderia à proa, que não
termina em bico. No entanto segundo informações que obtive de um responsável da capela, antigamente os muros terminavam mais à frente até que foram cortados
devido ao alargamento das ruas envolventes. Poderá ser essa a explicação para a
forma atual da entrada para o adro que simbolicamente corresponde à “proa da
barca”.
Andor de Nossa Senhora da Boa Morte, em forma de barco. |
Miranda
do Corvo não tem qualquer ligação ao mar e por esse motivo ver a imagem de
Nossa Senhora deitada num barco teria forçosamente de ter uma explicação,
parecendo-nos ser esta a mais lógica e que é aliás a explicação contida num
folheto editado pela Câmara Municipal.
Existem muitas imagens de Santos que, nas procissões, são transportados em andores em forma de barco. Um deles é o Apóstolo e primeiro bispo de Roma: Pedro. Na imagem o andor de S. Pedro na procissão da Afurada/Vila Nova de Gaia Foto: Blog "Depois de um dia". |
Não é incomum o transporte em procissões de santos em andores em
forma de barco, mas tem quase sempre a ver com populações de pescadores ou
também com imagens de Santos intimamente ligados ao mar. Por isso a Capela de
Nossa Senhora da Boa Morte, com a sua forma envolvente em forma de barco e o
andor que tem a mesma forma é sem dúvida muito original e pode causar alguma
admiração a quem não conheça a história da Capela.
Fonte consultada:
Folheto da Câmara Municipal sobre a história da Capela de N. S. da Boa Morte.
Motores de rega
Motobomba de 1 polegada. |
Agora
que os antigos engenhos para rega, que ainda existem instalados nos poços de
pequenas propriedades, na sua grande maioria já não funcionam, quem quer ter a
sua horta e cultivar as suas batatas, couves, etc., tem de recorrer, inevitavelmente,
a um motor de rega, seja ele eléctrico ou de combustão, pois elevar a água com
uma picota, cegonha ou gaivota aqueles instrumentos arcaicos de que já falei
neste blog, parece, nos tempos que correm, um exercício demasiado violento e
pouco produtivo. Os sistemas eólicos por outro lado são demasiado caros e
certamente não compensaria a sua instalação para regar apenas uma pequena
horta, a não ser que alguém com habilidade consiga construir um. No blog estão
também alguns artigos que mostram como isso poderá ser feito, mas, sem qualquer
dúvida, os motores de rega são os sistemas mais utilizados.
O fim do Hospital da Marinha
Começa assim um artigo de quatro páginas publicado no nº
477 da Revista da Armada, sobre o Hospital da Marinha:
O Hospital da Marinha, que foi uma referência viva de todos
os marinheiros, já não existe.
Foram 216 anos de bons serviços prestados à Marinha, ao
País, na sua dimensão pluricontinental, e à Medicina Portuguesa, pelo seu
pioneirismo e contributo em vários domínios e prestígio dos seus profissionais.
No final, parafraseando o Padre António Vieira, o Hospital
da Marinha fez o que devia e a Pátria o que é costume: esqueceu-se de lhe
agradecer! Faz agora parte da História.
Bebedouro para aves
O
“Meio Século” tem o prazer de apresentar hoje mais um projeto caseiro do seu
autor, uma ideia nova e completamente original.
Perante
esta entrada o leitor poderá ser levado a pensar que se trata de bazófia, pois
daqui ninguém espera que possa sair alguma invenção que venha a revolucionar o
mundo como, por exemplo, um inovador sistema de construir pontes, ou a descoberta
de um novo combustível… Eu bem gostaria, mas não!... Não se trata de nada
disso, nem sequer de uma simples e tosca capoeira sem telhado…mas também não é
fanfarronice, que isso aqui não existe.
Mas,
já que falei em capoeira, acrescento que é um projeto com alguma ligação a tal,
pois se trata, nem mais nem menos, do que um bebedouro para aves. O tempo que
mediou entre o nascimento da ideia e a sua conclusão não demorou mais do que
duas horas, o que parece dizer bem da insignificância do projeto. Isso não
significa, contudo, que não seja algo com alguma utilidade. Apesar de ter sido
posto a funcionar a apenas algumas horas, pelo que já vi, o bebedouro funciona
na perfeição e acredito que me vai poupar algum trabalho, não só no seu
abastecimento de água, mas também na sua limpeza, tarefas que para além de
ficarem facilitadas, se tornam também mais higiénicas.
Este
bebedouro, que pode ser construído nas dimensões que cada um queira, de acordo com
o número de aves que irá servir pode, eventualmente, ser usado também por
outros animais, como cães, porcos ou ovelhas, embora neste caso particular
tenha sido concebido para aves e, mais concretamente, galinhas.
Criação de marrecos
Os marrecos não possuem as
carúnculas
(verrugas vermelhas) sobre o bico e em torno
dos olhos, características dos patos.
|
Depois
de já ter escrito no blog sobre criação de patos, venho neste artigo escrever sobre
marrecos. É certo que muita gente confunde patos com marrecos e vice-versa, eu
próprio considerava os marrecos como sendo patos, mas a verdade é que não é bem
assim. É certo que são aves aquáticas com muitas semelhanças e por isso são
facilmente confundidos. Criadores experientes sabem distinguir uma espécie da
outra por vários motivos, mas apontam as carúnculas (verrugas vermelhas) sobre
o bico e em volta dos olhos como a característica mais visível para especificar
o pato, além do fato de a ave ser mais alongada. Já os marrecos são mais
compactos e definidos, o que pode facilitar a padronização dos exemplares.
Os
marrecos são aves mais rústicas e precoces, até mesmo do que as galinhas.
Consomem uma quantidade maior de alimentos, mas exigem instalações simples,
menores e consequentemente mais económicas.
História dos motores Lombardini
Nas zonas rurais circulam lentamente milhares de pequenos veículos com reboque de caixa aberta. Esses veículos a que
muitos chamam “trotinetes”, são utilizados por pequenos agricultores para o
amanho das terras e para fazer o transporte dos mais diversos produtos. Trata-se
de pequenos tratores agrícolas que são designados por motoenxadas e
motocultivadores, sendo que a maior diferença entre eles relaciona-se com o funcionamento
das fresas, uma vez que no motocultivador o sistema de fresagem é engatado à máquina
e ligado a um veio do motor que lhe transmite as rotações. Na motoenxada, as fresas
ou, mais corretamente, as enxadas, são montadas em substituição das rodas e a maquina
revolve a terra, operada com firmeza pelo agricultor que tem de a manobrar de
modo a que as lâminas girem com velocidade e façam ao mesmo tempo deslocar a máquina.
É um trabalho que é feito apeado e que exige muito esforço e atenção do operador, mais difícil do
que a mesma manobra feita com o motocultivador, mas que permite uma cava mais profunda da
terra.
A maioria dessas pequenas
máquinas, pelo menos as mais antigas, são equipadas com motores da marca
Lombardini e a opinião corrente é que esses motores são muito resistentes, o
que fica provado perante a dureza do trabalho a que são obrigados, quando em
trabalho de fresagem e também em serviço de transporte, suportando cargas
pesadas em terrenos difíceis. Perante o tamanho da máquina, a quantidade de
trabalho realizada é muito elevada.
Ferramentas agrícolas motorizadas - A motoenxada
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