Mistura de óleo na gasolina dos motores a 2 tempos

Óleo para mistura de motores a 2 tempos.
Esta vasilha tem um pequeno recipiente que,
quando cheio, dá para 5 litros de gasolina.
Sempre abasteci os depósitos dos meus motores a dois tempos com gasolina de mistura comprada nas bombas dos postos de abastecimento. Isso acontece há mais de 40 anos, desde que nos anos 70 adquiri a minha primeira motorizada. Agora já não tenho motorizada, mas continuo a utilizar esse tipo de combustível nas minhas ferramentas agrícolas com motor: motosserra, roçadora e motobomba ou motor de rega como também é conhecido esse equipamento. Até há pouco tempo para abastecer essas pequenas máquinas comprava a gasolina nas bombas de abastecimento com a mistura já feita, mas um pequeno percalço com o motor de rega levou a que tomasse uma decisão que vinha a adiar há anos: comprar a gasolina e o óleo em separado e fazer eu próprio a mistura.

Nunca confiei muito na gasolina de mistura das bombas, mas também nunca tinha acontecido nada de grave com os meus motores relacionado com o combustível. No entanto, desconfiava que os cinco litros nas bombas (essa é a quantidade que costumo comprar) eram bastante diferentes dos cinco litros das vasilhas que utilizava. O líquido ficava sempre bastante abaixo do traço que marcava os cinco litros e mesmo não existindo traço o garrafão ficava sempre com ar a mais e gasolina a menos.

Também o preço da gasolina de mistura praticado nas bombas de abastecimento me pareceu sempre demasiado alto, mesmo tendo em conta o custo mais elevado do óleo e se estes dois factos conjugados, mesmo que não provados (medidas incorretas e preço inflacionado), não fossem suficientes para abandonar o abastecimento dos meus motores com a gasolina vendida nas bombas, há uma outra questão que também deveria ser equacionada: se os motores para o seu bom funcionamento é aconselhável ter em conta as especificações dos fabricantes dos mesmos a este respeito, que não são necessariamente iguais em todas as marcas, como é que essa gasolina em que a mistura é só uma e em que o óleo utilizado poderá não ser da melhor qualidade, pode ser utilizada sem desconfiança?

O impulso final para que deixasse de utilizar esse combustível com a mistura já feita, fornecido nas bombas de abastecimento, foi quando um dia estava a regar a minha horta com a água que o meu motor de rega estava a extrair de um poço. Este motor de que já falei em ferramentas agrícolas motorizadas, depois do arranque, que às vezes é um pouco difícil, sempre trabalhou regularmente, só parando espontaneamente quando lhe faltava o combustível, mas nesse dia parou pouco tempo depois de ter sido abastecido, o que logo me fez desconfiar de que algo de anormal se tinha passado.

Abeirei-me da máquina e, não vendo nada de anormal, puxei a corda do starter para pôr novamente o motor a funcionar. Foi com este gesto que imediatamente verifiquei o motivo da paragem do motor: O pistão estava preso! O meu primeiro pensamento foi de que provavelmente o motor iria precisar de uma intervenção mecânica que iria ficar muito cara e que o melhor seria comprar um motor novo. Ainda tinha presentes na memória algumas reparações no motor Zundapp da minha motorizada feitas há muitos anos, daquelas reparações que fazem mossa no orçamento, mas neste caso e atualmente um pequeno motor de rega é quase como um eletrodoméstico que, muitas das vezes, é melhor adquirir um novo do que mandar reparar.

Transportei o motor para casa e tratei de tentar ver se conseguiria resolver o problema sem entregar o motor a um mecânico ou adquirir um novo. Afinal, já tinha feito algumas reparações no motor da minha motorizada, entre as quais a substituição de um pistão e, neste mesmo motor de rega, já tinha por duas vezes desmontado o carburador para limpeza, o que não fazendo de mim nem sequer um reles aprendiz de mecânico, mas me dava algum alento para novas aventuras “mecanizadas”.

O motor já tinha arrefecido e tentei puxar novamente a corda. Esta rodou um pouco o que significava que as peças não estavam totalmente coladas. Insisti mais um pouco e, ainda que com dificuldade, o motor girava tendo então uma ideia luminosa: porque não desenroscar a vela e, pelo orifício, enfiar algumas gotas de óleo para o interior? Iria lubrificar o cilindro e talvez isso fosse a solução. Foi isso que fiz e, efetivamente resultou, tendo o motor começado a girar normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Fiquei tão contente que, como o óleo que colocara pelo orifício da vela tinha sido um liquido milagroso, decidi ser generoso e, sem pensar, enfiei para lá mais umas quantas gotas de óleo. - Ora aí está uma aventura com final feliz, pensei bem disposto…

Entretanto já tinha deduzido que um dos dois motivos (do outro falarei mais à frente) que tinha originado a prisão do pistão no cilindro do motor, poderia ser a sua deficiente lubrificação pelo que decidi ir comprar um litro de óleo que fosse indicado para mistura de motores a dois tempos. A minha ideia era misturar mais algum óleo na gasolina de mistura que tinha adquirido nas bombas e, futuramente, comprar gasolina normal e fazer a mistura com esse óleo.

Depois de tirar a gasolina que ainda estava no depósito do motor e de abastecer com a gasolina a que já tinha adicionado mais algum óleo, tratei de ir acabar a rega da minha horta que tinha ficado a meio. O motor arrancou normalmente e dirigi-me imediatamente para a horta, pois o poço fica a cerca de 100 metros de distância. Estava a recomeçar a rega quando, ao olhar na direção do poço, vi uma grande nuvem de fumo que se elevava no ar. Alarmado, pensei imediatamente que o motor se tinha incendiado, mas como este se fazia ouvir com o seu ruído caraterístico, indicando que continuava a trabalhar regularmente, deduzi que, se calhar, tinha misturado óleo a mais na gasolina e isso é que provocava aquela fumarada toda. – Se assim for – pensei – enquanto me dirigia na direção do motor – tenho que fazer nova mistura, com menos óleo…

Era uma fumarada medonha que saía pelo escape do motor e como estávamos em pleno verão e com temperaturas muito altas, receei que aquele fumo causasse algum alarme nas pessoas que o avistassem ou até mesmo das organizações de prevenção e ataque aos incêndios.

Não cheguei a desligar o motor, porque quando me preparava para o fazer, o fumo que saía pelo escape começou a diminuir rapidamente e acabou por parar por completo, continuando o motor a trabalhar regularmente, apenas notando, eu que já estou habituado ao som que ele produz, o esforço que estava a fazer, porque afinal estava a puxar a água de uma profundidade de cinco metros e a transportá-la através dos tubos até uma distância de 100 metros, ainda que em terreno plano. Pensando bem, esta poderia ser outra razão para o incidente, pois este esforço talvez fosse demasiado, contribuindo  para um aquecimento anormal e consequente prisão do pistão no interior do cilindro.

Toda aquela fumarada tinha sido provocada pelo óleo que eu enfiara pelo orifício da vela e, portanto, o óleo que eu tinha adicionado à mistura estava a ser bem aceite pelo motor e esperava eu a lubrificar e proteger as peças e evitar novos contratempos.

Bomba de mistura manual, ainda muito utilizada
nas bombas de abastecimento.
Como já disse desconfiava que o preço da gasolina de mistura era um bocado exagerado quando comparado com o custo por litro da gasolina normal, que em algumas bombas é superior em 30 cêntimos, o que talvez se justifique devido ao trabalho relacionado com a mistura. Agora, depois de ter adquirido um litro de óleo para fazer eu próprio essa mistura e de ter feito algumas contas, cheguei à conclusão de que é possível poupar algum dinheiro desta forma, pois este litro de óleo dá para 50 litros de gasolina, o que significa que a preços atuais, nesses 50 litros se poupam 15 euros e se ganha um litro de gasolina correspondente ao volume do óleo que lhe é adicionado.

Depois de descontar o custo do óleo (cerca de nove euros) há um ganho de cerca de sete euros e cinquenta cêntimos. Sempre é algum dinheiro, mas o mais importante será o facto da mistura feita por nós poder ser melhor se o óleo que utilizarmos for de boa qualidade. Isto não quer dizer que nas bombas de abastecimento também não usem óleo bom, mas aquela mistura sendo universal não pode de modo algum estar de acordo com as exigências de todos os fabricantes de motores.

Atualmente, utilizo a gasolina de mistura para uma motosserra, uma roçadora e para o motor de rega. Penso que o óleo que comprei, produzido pela Husqvarna, que é sintético e adequado para este tipo de máquinas, pelo menos é o que diz o rótulo da embalagem, será mais benéfico para o seu bom funcionamento do que a mistura das bombas, onde, possivelmente, utilizarão óleo de base mineral e, aqui, tenho algumas dúvidas, pois existem fabricantes que aconselham o uso de óleo mineral que envolve misturas em percentagens diferentes, mas a verdade é que nunca liguei a isso e as minhas máquinas não são propriamente de marcas conhecidas e nem sequer sei qual o óleo recomendado pelos seus fabricantes.

Por agora, vou fazendo eu próprio a mistura, porque afinal um litro de óleo dá para uma grande quantidade de gasolina, 50 litros vão dar para muito tempo e por isso a mistura tem de ser feita em pequenas quantidades, porque segundo o que dizem alguns fabricantes de motores a mistura a utilizar não deve ter mais de três meses, entretanto outros falam em um mês, existindo muitas opiniões diferentes que só nos baralham e agora eu, apesar de estar a fazer um relato sobre experiências práticas, não querendo estar também a fazer uma grande baralhada decidi consultar um trabalhador de uma pequena empresa de corte de madeira para celulose, meu conhecido, que está encarregado de fazer a mistura para os motosserras da empresa. Foi-me dito que, normalmente, utilizam gasolina de 95 octanas e fazem a mistura com óleo sintético na proporção de um litro de óleo para quarenta litros de gasolina. Sabem que o indicado pelos fabricantes é de um litro para 50, mas misturam um pouco mais de óleo, para uma maior proteção devido ao trabalho intenso e ao aquecimento a que as suas máquinas estão sujeitas.

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