ALDEIAS ABANDONADAS NA SERRA DA LOUSÃ

Cadaval Cimeiro.
Na vertente oeste de uma das muitas montanhas da serra da Lousã, dentro do perímetro geográfico do concelho de Miranda do Corvo, há uma aldeia abandonada, ou melhor duas, uma vez que a cerca de um quilómetro de distância da primeira que se avista, se encontra uma outra aldeia, bem mais pequena. Estas duas antigas povoações têm o mesmo nome: Cadaval, atribuindo-se lhes para as distinguir os “apelidos” de Cimeiro e Fundeiro, uma vez que se situam na encosta a cotas de altitude diferentes, o que não é caso raro e também acontece com muitas outras aldeias situadas em zonas serranas. 


Estas aldeias estão abandonadas há três ou quatro dezenas de anos, mas existe um projeto para a sua reabilitação que já foi apresentado e que irá desenvolver-se em redor de ambos os lugares. Esse projeto inclui uma unidade de turismo rural no Cadaval Fundeiro e tem como objetivos a preservação física das várias casas que se encontram na sua grande maioria em completa ruína e também a preservação cultural representativa de toda a vivência rural, nomeadamente a vida na aldeia, a mercearia, as tarefas agrícolas, etc.

Subjacente a todo o projeto está também o conceito de eco-energia, eólica e solar.

Mas, até que esse grande empreendimento se inicie, a dureza da realidade está bem patente aos olhos de quem sobe a serra e se depara com o cenário dramático de várias dezenas de casas em ruínas, cenário que forma, apesar da sua rudeza, um quadro vigoroso, drástico, simultaneamente belo e estranho.


Capela do Cadaval.

O primeiro edifício da aldeia é a Capela e esta encontra-se em estado razoável, porque, provavelmente, alguns antigos moradores ou os seus descendentes, seguindo a sua tradição religiosa não deixam naturalmente de zelar por aquele símbolo que mantém alguma vida e a esperança do renascimento da aldeia.


A rua principal da aldeia.

As casas foram construídas em declive acentuado e algumas, (duas ou três) foram recuperadas, mas estas não são em número suficiente para que a aldeia (falamos do Cadaval Cimeiro) não possa, infelizmente, deixar de ser apontado como um aldeia em ruínas. São casas que foram construídas com a pedra da região, o xisto, e algumas delas apresentam no que resta das paredes, algumas partes que foram rebocadas. A rua principal não aparenta ter alguma vez recebido qualquer pavimento artificial e, como na maioria das aldeias, tem sensivelmente a meio do seu percurso um largo. Este largo não é mais de que um cruzamento de ruas, ruas estreitinhas onde, provavelmente, até os carros de bois teriam dificuldade em circular e tem um fontanário.


Fontenário construído pela Câmara Municipal em 1966.

Este fontanário não apresenta qualquer valor arquitetónico, mas tem um dado que permite um ligeiro posicionamento temporal em relação à chegada de algum progresso à aldeia. Trata-se de uma data, 1966, que foi gravada na argamassa do reboco na parte superior da fonte. Essa inscrição certamente que se refere à data da construção do fontanário ou então a algum melhoramento de que tenha sido alvo.

Em termos de vida na aldeia isso significa que, na época, o Cadaval ainda respirava e bebia o ar e a água puras da serra e talvez merecesse um fontanário com outra apresentação, mas  é possível que os habitantes já não fossem muitos e se começasse a adivinhar a decadência do lugar.



Menos de três anos separam a captação destas duas imagens da escola
do Cadaval, tempo suficiente para que as árvores crescessem de novo,
quase entrando para dentro do edifício. Na parede frontal está uma placa
de mármore com a inscrição: MOP DGEMN 1959.

Um outro edifício que, apesar do seu estado de completo abandono e com acácias e outras árvores a quererem dar-lhe um abraço fatal, consegue dar um sinal de antiga prosperidade é a escola. Esta situa-se a meio caminho entre as duas aldeias e ali, gravada numa placa de mármore, afixada na parede frontal, tem também uma data. Esta data é 1959 e é provável que, tal como na fonte, se refira à construção da escola, ou a um possível melhoramento numa já existente, significando que no final da década de 50 e possivelmente durante a década de 60, ainda havia crianças naquelas aldeias que justificavam a construção e a manutenção de uma escola.


Cadaval Fundeiro. Um poste de eletricidade novo com um candeeiro, destoa
do local deserto onde apenas se "escuta" o silêncio, interrompido somente pelo
canto de alguma ave ou pelo restolhar dos veados no matagal. O candeeiro
talvez signifique que ainda existe uma réstia de esperança para o lugar.

No Cadaval Fundeiro o cenário de ruínas é ainda mais acentuado e embora ali existissem menos casas, o certo é que o que resta de algumas paredes, indica terem existido na aldeia edifícios de dimensões razoáveis.

Um outro sinal de progresso é visível na estrada que vai do Cadaval Cimeiro ao Fundeiro, onde foram colocados postes com cabos de eletricidade, o que talvez signifique que o tal empreendimento de que falámos no início do post, venha a ter algum futuro. Infelizmente para os antigos habitantes destas aldeias esse progresso chegou tarde, demasiado tarde…

Fonte consultada:  http://www.cm-mirandadocorvo.pt/index.php?pagina=noticias&id=188




2 comentários:

  1. Eu tenho um projeto de vida que é viver numa aldeia assim e tentar recuperá-la om minha atividade na agricultura sustentável...eu e minha filha...Um dia conseguirei e certamente impulsionarei para que outros possam fazer o mesmo em busca de uma vida mais harmônica e de acordo com seus ideais de vida...

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  2. Bom dia :)
    vamos ser os primeiros habitantes, Eu sou um jardineiro treinados ;)
    viria com a mulher e os filhos

    catherine , tom

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