AGUARDENTE DE DIÓSPIROS

A aguardente de dióspiros foi feita num pequeno alambique.

As uvas, ou melhor o bagaço das uvas, que são os resíduos das uvas que ficam depois do esmagamento e retirada do sumo fermentado que se transforma em vinho, é o produto mais utilizado para, através do processo de destilação, obter a bebida alcoólica conhecida como aguardente ou cachaça. No entanto a aguardente pode ser extraída de muitos outros frutos, praticamente de quase todos, mas, pelo que tenho aprendido através da minha experiência em pequenas destilações caseiras, que não foram muitas, apenas já fiz aguardente de bagaço de uvas, de maçãs, de medronhos e de dióspiros, tenho de reconhecer que pelo menos destes quatro frutos o medronho é o melhor fruto para se obter uma bebida de qualidade, seguindo-se o bagaço de uvas.
Eu não tenho grandes conhecimentos em matéria de destilações e é muito provável que não siga à risca os procedimentos necessários para produzir uma boa aguardente seja ela de que fruto for, mas a verdade é que tanto com o bagaço de uvas como com o medronho sempre consegui obter uma bebida de razoável qualidade. Já com uma destilação que fiz de maçãs, a coisa não correu nada bem e, para ser sincero, o produto saiu mesmo muito mau, e para ser mais sincero ainda, verifiquei alguns meses depois que essa aguardente era intragável e acabei mesmo por a deitar fora.

Já com a destilação de dióspiros, a última que fiz, digamos que a coisa correu assim, assim. Esta não a irei jogar fora, mas também não posso dizer que ficou uma “pomada” por aí além, embora tenha de esperar algum tempo para saber mais sobre a sua qualidade, sendo certo que o grau alcoólico me parece bastante baixo.
Depois destas experiências e apesar de todos os anos ter muitas maçãs e também dióspiros provenientes do meu pomar, fazer aguardente destes frutos está fora de questão, embora pondere de futuro fazer experiências com outros frutos, apesar de algum ceticismo.

Já falei em outros posts sobre o modo de proceder para fazer aguardente, acho que a destilação de dióspiros não difere muito dos outros frutos. Primeiro é preciso colocar os frutos num recipiente a fermentar, depois de devidamente limpos, sendo conveniente utilizar dióspiros bem maduros. Estes frutos derretem-se com facilidade não sendo necessário fazer qualquer trituração, eu pelo menos não o fiz, sendo que apenas mexi a pasta de dióspiros umas três ou quatro vezes durante o tempo em que estiveram na vasilha a fermentar e que foram cerca de dois meses. Não sei se foi o tempo correto, mas o certo é que pesquisei bastante sobre o assunto e não consegui encontrar grandes informações sobre o mesmo. Espero que este artigo venha a colmatar um pouco essa falta de informação, apesar de reconhecer que se trata de um tema de que também pouco sei e esse pouco não tem nada de técnico, o que aprendi foi graças apenas às minhas experiencias caseiras. Talvez através dos comentários alguém possa acrescentar algo mais sobre este assunto, tornando o artigo ainda mais pertinente.

Fiz um vídeo sobre a minha destilação de dióspiros que espero seja do agrado dos leitores do blog e de todos os interessados na matéria. 


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