Restauração de moto enxada com aplicação de um rádio


A minha moto enxada "nova"
Já falei em vários posts deste blog da minha velhinha moto enxada, uma ferramenta bastante versátil que me ajudou, durante quase vinte anos, nos meus diversos trabalhos na área da agricultura, construção civil e nos meus mais diversos projetos. Quando comprei essa máquina ela já estava muito usada, com folgas em vários componentes e até com a caixa do reboque já com partes apodrecidas. Tinha um motor Lombardini de 10 cavalos que, inicialmente, quase consumia mais quantidade de óleo de lubrificação do que do próprio combustível para a fazer funcionar, mas mesmo assim, exposta a um trabalho duro e até algumas vezes exagerado, foi cumprindo a sua missão, com algumas reparações pelo meio, até que um dia resolveu fazer greve e exigir uma reparação mais aprofundada para retomar a sua atividade.
Foi nesta altura que decidi tentar uma nova aquisição de mais uma velha moto enxada. Queria uma máquina que se pudesse deslocar em estrada com mais velocidade, uma vez que a anterior apenas tinha a caixa de velocidades da própria máquina e o seu andamento era, por isso, muito lento. Consegui fazer essa compra de uma outra velha moto enxada que tem acoplada uma caixa de velocidades no reboque e que permite fazer uma combinação muito grande de andamentos, entregando como parte do pagamento a outra máquina avariada.

Primeiro o seu aspeto assustava um pouco.

Esta "nova" máquina tem um motor Lombardini de 12 cavalos e estava também com um aspeto assustador, com a ferrugem a servir de vestimenta em várias partes da carroceria e da própria máquina, mas depois de algumas verificações, aferi que não pareciam existir muitas folgas ou fugas de óleo e, aliás, segundo informações do vendedor, o motor tinha pouco uso, uma vez que a máquina já tinha sido alvo duma troca de motor.

Uma caraterística importante desta máquina e que também fazia com que o seu preço fosse bastante mais elevado, era estar equipada com arranque elétrico, o que era uma grande vantagem, ainda para mais com a experiência que eu já tinha do exercício de puxar a corda para fazer o arranque da máquina anterior, exercício que, principalmente no inverno, se tornava muito penoso.

Concluído o negócio, a máquina foi-me entregue, já com o seu aspeto visual bastante melhorado, mas mesmo assim não era nada que me satisfizesse, decidindo lançar mãos à obra para personalizar aquela aquela ferramenta de acordo com o meu gosto pessoal e também melhorar o seu funcionamento em tudo o que estivesse ao meu alcance fazer.

Fiz a substituição dos cabos da embraiagem e do acelerador e também das respetivas capas exteriores, uma vez que estes componentes estavam em estado deplorável e sem lubrificação, o que fazia com que fosse preciso maior esforço para fazer o seu manuseio e mais dificuldades para operar a máquina.

Maneta para parar o motor.

Utilizei uma maneta e respetivo cabo das mudanças de uma bicicleta para fazer uma aplicação para parar o motor, uma vez que antes não era possível fazer isso sem sair do local de condução; para parar tinha que desmontar primeiro da máquina e acionar uma peça junto ao motor.

Apliquei na caixa de carga um fundo em chapa metálica, uma vez que a madeira já estava em mau estado e, sobretudo para fazer o transporte de pedras, areia, tijolos e outros materiais semelhantes, o fundo metálico torna-se quase imprescindível.

Fiz a repintura completa do reboque e também de algumas outras partes da máquina e modifiquei o design da capota do motor de acordo com o meu gosto pessoal. Devido à trepidação as peças de fixação desta peça não estavam em boas condições, tendo, antes da pintura, modificado e reforçado estas peças.

Medidor de combustível.

Apliquei um "medidor" da quantidade de combustível no depósito do motor. Nestas máquinas (pelo menos nas mais antigas) para se verificar o nível de combustível é necessário tirar a tampa do depósito e espreitar lá para dentro ou, em alternativa, enfiar um pau dentro do depósito para verificar isso, coisa muito pouco prática e até obsoleta e com riscos porque basta o pau não estar limpo para se estar a enfiar lixo para dentro do tanque de combustível que, neste caso é gasóleo, existindo também o risco de um descuido e deixar acabar o combustível em locais ou ocasiões pouco favoráveis. Fiz este "medidor" aplicando um tê metálico no tubo que vai do depósito à bomba e recorrendo a um tubo transparente que vai do tê até ao cimo do depósito. Deste modo é possível, em qualquer momento, ver o nível de gasóleo, tirando a tampa apenas quando é  necessário.

Rádio na moto enxada, uma ideia original e talvez única numa máquina deste tipo.

Para além dos trabalhos mencionados anteriormente, fiz muitas outras pequenas reparações ou modificações, como a aplicação de uma caixa de ferramentas feita com um bocado de tubo de pvc, ou uma proteção desmontável para a tomada de ligação do motor de arranque com a bateria. Mas o maior realce vai para a aplicação de um rádio na máquina. Pode parecer uma coisa extravagante numa máquina destas, será até uma ideia completamente original, mas o certo é que, na minha opinião, é um extra muito útil para quem gosta de usar um rádio para estar a par das notícias mais recentes ou para ouvir música. Claro que o rádio não dá para escutar com o motor em funcionamento, mas sim quando se está a trabalhar no campo ou a fazer o carregamento ou descarregamento de qualquer coisa que se transporte na máquina.

Como já disse a máquina tem arranque elétrico, estando por isso equipada com uma bateria o que fez com que a ideia de lhe aplicar um rádio surgisse naturalmente, ajudada pelo facto de já ter um rádio e também duas colunas de som que não estavam a ser utilizadas. A aplicação do rádio não ofereceu grandes dificuldades, para o fixar à madeira da carroceria utilizei uma peça de madeira e dois parafusos e a antena é simplesmente um cabo que estendi pelas barras do cavalete. As colunas também foram fixadas com parafusos, sem problemas, o que deu mais trabalho foi fazer uma caixa de proteção para impedir que esse componente não ficasse exposto à chuva, ao sol ou ao pó. Para fazer essa caixa utilizei um velho autoclismo de plástico que foi o material mais adequado que encontrei, pois foi só fazer alguns recortes, colagens e a aplicação de uma tampa com duas pequenas dobradiças. É impermeável e não apodrece, tendo ficado com o rádio protegido e com este pronto a fazer-me companhia nos trabalhos agrícolas. 

Veja como funciona

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